A Índia pode ser hoje o país mais populoso do mundo, na frente da China, de acordo com as estimativas do demógrafo independente chinês Yi Fuxian, professor da Universidade de Wisconsin em Madison, nos Estados Unidos, informou o jornal britânico Financial Times.
Yi acredita que o governo chinês superestimou o número de nascimentos no país em 90 milhões entre 1990 e 2016. Assim, no fim do ano passado, a China teria 1,29 bilhão de habitantes, em vez dos 1,38 bilhão da estatística oficial, enquanto a Índia teria 1,33 bilhão pelos dados do governo indiano.
Com a política do filho único, adotada em 1979 para conter o crescimento demográfico e relaxada oficialmente em 2015, a China começa a enfrentar sua crise populacional. Em 2012, pela primeira vez, a população em idade de trabalhar diminuiu.
É um sinal de envelhecimento antes do país se tornar rico como as economias capitalistas mais avançadas.
A política do filho único teria acelerado a chegada da China ao ponto da virada de Arthur Lewis, um economista britânico. É o momento em que se esgota a oferta de mão de obra do êxodo rural, dos trabalhadores que saem da agricultura e do campo em busca de empregos na indústria e nas cidades.
Esse "dividendo demográfico" está chegando ao fim. A partir daí, os salários começam a subir e com eles o custo de produção.
A China não terá condições de manter os extraordinários ganhos de produtividade dos últimos 30 anos. Vai se tornar uma economia madura e depender do desenvolvimento tecnológico para continuar avançando. As companhias chinesas são hoje as que mais registram patentes no mundo. Não há razão para que não consiga. Mas um eventual déficit demográfico deve pesar.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
quarta-feira, 24 de maio de 2017
Índia pode ter ultrapassado a China em população
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