Durante reunião com o ministro do Exterior da Rússia, Serguei Lavrov, e o embaixador russo em Washington, Serguei Kislyak, em 10 de maio, o presidente Donald Trump revelou informações ultraconfidenciais, acusou hoje o jornal The Washington Post.
Essas informações seriam capazes de comprometer a fonte que descobriu que a organização terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante planeja usar computadores portáteis para cometer atentados contra aviões comerciais.
A informação veio do serviço secreto de Israel, que conseguiu penetrar na máquina assassina do Estado Islâmico e não autorizou os Estados Unidos a repassá-la à Rússia. É tão sensível que os detalhes não foram revelados nem a países aliados e têm acesso restrito mesmo dentro dos serviços secretos dos EUA.
Para qualquer funcionário do governo americano, discutir o assunto com um país adversário seria ilegal. O presidente tem poder para desclassificar material secreto, mas não se espera que faça isso para contar vantagem sobre a "grande inteligência" que recebe todo dia sobre a ameaça terrorista, especialmente diante um país hostil aos interesses americanos.
O embaixador Kislyak está no centro da investigação sobre a interferência da Rússia na eleição presidencial dos EUA. O primeiro assessor de Segurança Nacional de Trump, general Michael Flynn, foi demitido por mentir ao vice-presidente Mike Pence sobre um encontro com Kislyak durante o período de transição. O ministro da Justiça e procurador-geral, Jeff Sessions, se declarou impedido de presidir o inquérito sobre a interferência russa por não ter revelado um encontro com Kislyak.
Um dia antes do encontro com os russos, o presidente demitiu o diretor-geral do FBI (Federal Bureau of Investigation), a polícia federal dos EUA, James Comey, ao que tudo indica por investigar um possível conluio da campanha de Trump com a Rússia.
Como Trump está em guerra com a imprensa americana, não havia jornalistas dos EUA quando foram tiradas as fotos do encontro. Foram os russos que fizeram. Isso viola outra regra de proteção da segurança nacional dos EUA: nenhum estrangeiro pode entrar no Salão Oval da Casa Branca, o escritório do presidente, com equipamentos eletrônicos.
No início da noite, o assessor de Segurança Nacional de Trump, Herbert McMaster, fez uma breve declaração no jardim da Casa Branca para tentar desmentir a notícia: "O presidente e o ministro do Exterior revisaram ameaças comuns de organizações terroristas, inclusive à aviação. Em momento algum, foram discutidos métodos ou fontes de inteligência, e não foram reveladas operações militares que ainda não fossem conhecidas publicamente."
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
segunda-feira, 15 de maio de 2017
Trump é acusado de passar informações ultrassecretas à Rússia
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