Em uma escalada na repressão contra a onda de protestos de rua, o presidente Nicolás Maduro autorizou as forças de segurança da Venezuela a atacar os manifestantes que há um mês e meio protestam diariamente contra seu governo, exigindo a convocação de eleições diretas.
Em 47 dias de conflito nas ruas das grandes cidades venezuelanas, pelo menos 42 pessoas foram mortas, a maioria por milícias ligadas ao chavismo, não diretamente pelo regime. Cerca de 13 mil saíram feridas e 2.371 foram presas.
Maduro mandou o comandante da Guarda Nacional Bolivariana (GNB), general Antonio Benavides Torres, ativar imediatamente a segunda fase do Plano Operacional Guaicaipuro e o Plano Estratégico Operacional Zamora, que implicam o uso de armas e forças militares contra manifestações pacíficas. O anúncio foi feito pelo general na cidade de San Cristobal.
O risco é de um banho de sangue. A Venezuela vive a pior crise econômica desde a independência, com queda de 20% do produto interno bruto nos últimos dois anos, inflação superior a 800% ao ano e desabastecimento generalizado, de mais de 80% dos produtos básicos.
Com o fracasso do diálogo, inclusive da iniciativa do papa Francisco, a Venezuela segue rumo a uma tragédia anunciada. O regime chavista faliu o país. Geralmente, quando a situação econômica se deteriora a tal ponto, o governo cai, mas algumas ditaduras sobrevivem, como é o caso de Robert Mugabe, no Zimbábue.
No clima atual de crise profunda e radicalização, é difícil uma mudança de regime sem um derramamento de sangue ainda maior. A Venezuela marcha para um golpe militar ou uma guerra civil.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
quarta-feira, 17 de maio de 2017
Maduro autoriza uso de força militar contra manifestações
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