Mais duas pessoas foram mortas hoje na Venezuela, elevando para pelo menos 41 o total de mortos desde o início de uma onda de protestos contra o presidente Nicolás Maduro no início do mês passado. Dois jovens manifestantes do estado de Táchira foram atingidos por atiradores leais ao regime chavista.
Luis Alvarez, de 17 anos, foi baleado e morte quando participava de manifestação em Palmira, no município de Guássimo, em Táchira. Diego Hernández, de 32 anos, foi atingido no peito no município de Capacho Nuevo.
A Venezuela se orgulha de possuir as maiores reservas mundiais de petróleo. No momento, vive a pior crise econômica de sua história independente, com queda de 20% do produto interno bruto nos últimos dois anos e inflação de 720% ao ano em 2016.
Desde que o Tribunal Supremo de Justiça, subserviente ao regime, tentou cassar os poderes da Assembleia Nacional, controlada pela oposição, os manifestantes saíram às ruas para exigir o fim do regime e a convocação de eleições diretas para tirar o país da crise.
Em resposta, Maduro convocou uma Assembleia Nacional Constituinte a ser formada por representantes de entidades pelegas fiéis ao chavismo. A oposição rejeitou a medida e tenta forçar o regime a ceder com manifestações de protesto diárias. Várias tentativas de mediação, inclusive do Vaticano, fracassaram.
Além da Guarda Nacional Bolivarista, milícias chavistas conhecidas como coletivos reprimem os protestos. Os milicianos são responsáveis pela maioria das mortes. Acuado, Maduro ameaça armar mais 500 mil pessoas. As Forças Armadas não devem aceitar. Seria um desafio a seu poder. Hoje os militares são o principal sustentáculo do regime chavista.
Hugo Chávez era coronel do Exército quando tentou dar o golpe contra o presidente Carlos Andrés Pérez, em 1992. Sua revolução bolivarista sempre teve uma inspiração militar. Chávez perdeu militarmente em 1992 e no golpe contra ele, em 2002, mas venceu politicamente. Seu governo tinha menos de 300 militares nomeados para cargos políticos.
Enfraquecido e sem o carisma do caudilho, que morreu em 5 de março de 2013, seu herdeiro Maduro praticamente entregou o poder às Forças Armadas nomeando mais de 900 militares para cargos político-administrativos.
O homem-forte do regime hoje é o general Vladimir Padrino López, chefe do Estado-Maior do Exército sob Chávez e atual ministro da Defesa e comandante estratégico e operacional das Forças Armadas Nacionais Bolivaristas. Este último cargo foi criado sob medida por Maduro.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário