O Partido Conservador, da primeira-ministra Theresa May, aumentou sua vantagem sobre o Partido Trabalhista, o maior da oposição, nas pesquisas sobre as eleições parlamentares de 8 de junho de 2017, indica uma pesquisa divulgada ontem pelo instituto Kantar Public.
Enquanto os conservadores ganharam três pontos percentuais, chegando a 47% das preferências do eleitorado, os trabalhistas caíram um ponto para 29%. O Partido Liberal-Democrata perdeu três pontos e tem agora 8%, e o Partido da Independência do Reino Unido (UKIP) baixou dois pontos para 6%.
May chegou ao poder depois do plebiscito que aprovou a saída do país da União Europeia, em 23 de junho de 2015, e derrubou o então primeiro-ministro David Cameron. Com a divisão fratricida entre os partidários da Brexit (saída britânica), May, que apoiaria Cameron por lealdade, ascendeu à liderança do partido.
Sua principal missão é negociar o divórcio com a UE. Desde então, a líder conservadora mostrou estar pronta para aceitar uma "saída dura", que incluiria a retirada do Reino Unido do mercado comum europeu.
A convocação de eleições antecipadas foi uma tentativa de consolidar o poder internamente, já que May virou primeira-ministra vem passar pelo teste de eleições gerais, e de fortalecer sua posição negociadora na Brexit.
Para ficar no mercado comum, os sócios europeus exigem que o Reino Unido mantenha a livre circulação de bens, capitais e pessoas. Uma das principais razões da vitória do não à Europa foi o desejo de recuperar o controle total sobre as fronteiras e a imigração.
A primeira-ministra não quer abrir mão do controle sobre a imigração. Serão negociações difíceis, como ficou claro num encontro com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker. Os britânicos não querem pagar pelos compromissos assumidos, uma conta estimada em 60 a 100 bilhões de euros.
Outra pesquisa, divulgada anteontem pelo instituto Panelbase, mostrou uma pequena redução da vantagem conservadora depois da divulgação do manifesto de campanha do Partido Trabalhista, mas ainda é confortável, de 13 pontos. Os conservadores teriam 41% dos votos contra 29% para os trabalhistas.
O manifesto trabalhista é o mais à esquerda desde 1983, quando o partido fazia oposição à primeira-ministra Margaret Thatcher. Sob intensa pressão por causa da perspectiva de uma derrota esmagadora, o líder Jeremy Corbyn optou por ir mais para a esquerda.
Corbyn prometeu não aumentar o imposto de renda, a não ser para os 5% mais ricos, reestatizar o transporte ferroviário e empresas de serviços públicos como água e energia elétrica, construir 1 milhão de novas residências, limitar o reajuste dos aluguéis com base na inflação, acabar com a cobrança de anuidade nas universidades e reduzir as dívidas do crédito educativo.
Apesar da expectativa de uma vitória avassaladora, May não deve melhorar sua posição negociadora diante da UE. A Alemanha e outros países europeus estão determinados a deixar claro que o Reino Unido não terá relações melhores com a Europa fora do bloco. Corbyn está decidido a manter a liderança da oposição mesmo com uma derrota arrasadora.
Até hoje, só três líderes trabalhistas conseguiram vitórias que dessem ao partido maioria absoluta na Câmara dos Comuns do Parlamento Britânico.
Clement Atlee derrotou o primeiro-ministro Winston Churchill, líder heróico do país na Segunda Guerra Mundial, logo depois do fim da guerra, em 1945, prometendo um Estado do bem-estar social.
Harold Wilson foi a estrela do partido nos anos 1960s, mas é acusado pela derrocada que levou a uma onda de greves no "inverno do descontentamento", inclusive de lixeiros e coveiros, abrindo caminho para a ascensão de Thatcher, em 1979.
Tony Blair levou os trabalhistas de volta ao poder em 1997 depois de 18 anos de governos conservadores. Ele levou o partido para o centro, abolindo a cláusula do estatuto que previa a estatização dos meios de produção, mas desagradou à esquerda e ao eleitorado como um todo ao apoiar a invasão do Iraque pelos EUA em 2003.
Com a queda de Blair, o fracasso de seu sucessor, Gordon Brown, e a crise econômica de 2008, os conservadores voltaram ao poder com David Cameron. Ele convocou o plebiscito sobre a UE para tentar acabar com a guerra interna do Partido Conservador, iniciada com a queda de Thatcher, em 1990. Acabou dividindo o país, ameaçado de fragmentação com a possível independência da Escócia. Perdeu o poder não pacificou o partido nem o país, que se prepara para uma turbulenta saída da UE.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
quarta-feira, 17 de maio de 2017
Conservadores ampliam vantagem no Reino Unido
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