O presidente liberal Boris Tadic foi reeleito neste domingo na Sérvia, mas a vitória apertada sobre o nacionalista Tomislav Nikolic suscita dúvidas sobre o futuro da coalizão governista, sobretudo se a província do Kossovo declarar independência, o que terá forte impacto sobre os sérvios.
Tadic obteve 50,5% dos votos, contra 47,8% para Nikolic.
Em 2004, Tadic venceu Nikolic por 9 pontos percentuais. O Ocidente interpretou o resultado como um sinal de que o nacionalismo reacionário responsável pela divisão da antiga Iugoslávia estava em declínio. Agora, o radicalismo sérvio prova estar vivo.
Sete anos após a queda do ditador Slobodan Milosevic, maior responsável pela destruição da Iugoslávia, a extrema direita ainda consegue quase metade dos votos. A independência do Kossovo, que pode ser declarada nos próximos dias, deve virar a balança para o outro lado.
"Não há vencedor aqui", declarou o jornalista Dragoljub Zarkovic, editor-chefe da revista semanal de notícias Vreme. "Formalmente, Boris Tadic será presidente pelos próximos cinco anos, mas a vitória moral é Tomislav Nikolic."
O primeiro-ministro Vojislav Kostunica, que derrotou Milosevic na eleição presidencial de 2000, é aliado de Tadic, mas rejeita qualquer acordo que permita a independência do Kossovo e conta com o apoio da Rússia para vetar a matéria no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
A Batalha do Kossovo, uma derrota para o Império Otomano em 28 de junho de 1389 que eles festejam, é um dos mitos fundadores do nacionalismo sérvio.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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