A libertação de duas reféns pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) aumenta a pressão sobre o presidente Álvaro Uribe para uma negociação mais ampla com a guerrilha que liberte centenas de pessoas seqüestradas. Em troca, as FARC querem a libertação dos companheiros presos em cadeias colombianas.
Com um sorriso forçado, Uribe agradeceu a ajuda do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, com quem está rompido, e rejeitou a exigência das FARC para que seja criada uma zona desmilitarizada onde seria feita a troca de reféns por rebeldes por prisioneiros de guerra.
Desde que assumiu, em 2002, Uribe, cujo pai foi morto pela guerrilha, adota o que chama de política de "segurança democrática". Nega legitimidade ao grupo guerrilheiro. Chávez quer reconhecer as FARC politicamente.
O ministro da Defesa da Colômbia, José Manuel Santos, argumentou que a libertação de Clara Rojas e Consuelo González mostra que não há necessidade de uma zona desmilitarizada para trocar prisioneiros de guerra por reféns.
Mas o presidente da Venezuela pretende transformar a negociações sobre os reféns num processo de paz. Não quer mais que as FARC sejam tratadas como grupo terroristas mas, sim, como "um grupo insurgente com um projeto bolivarista", ou seja, chavista.
Desde a ruptura entre Chávez e Uribe, o caudilho venezuelano está mais próximo da guerrilha do que do presidente da Colômbia. Uribe alega que Chávez quer colocar as FARC no governo em Bogotá.
"As FARC fizeram isso como um presente ao Chávez, e não por terem chegado a qualquer acordo com o governo colombiano", comentou um diplomata estrangeiro em Bogotá.
"A novidade é que Chávez tem um canal público e direto de comunicação com as FARC. "Enquanto isso, Chávez e Uribe nem se falam. Chávez tem relações melhores com a insurgência do que com o governo da Colômbia. Diplomaticamente, é uma situação horrível."
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo, do Jornal Nacional e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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