O governo da França tenta libertar um grupo de estrangeiros, entre eles nove franceses, presos no Chade sob a acusação de aliciamento, seqüestro e tráfico de menores ao tentar levar crianças e jovens, supostamente órfãos da guerra civil em Darfur, no Sudão, para serem adotados na Europa. Duas agências das Nações Unidos disseram hoje que muitos não são órfãos, como alegavam os presos
Estão detidos membros da organização não-governamental francesa Arca de Zoé, jornalistas franceses, a tripulação, formada por sete espanhóis, e um piloto belba do avião fretado pela ONG. Eles podem ser condenados a até 20 anos de cadeia e trabalhos forçados.
As autoridades francesas têm duas preocupações centrais:
• manter boas relações com o ditador chadiano Idriss Déby, necessária para que uma força militar européia seja enviada para o Leste do Chade, junto à fronteira com o Sudão, para tentar conter a crise humanitária provocada pelo genocídio na província sudanesa de Darfur; e
• conseguir a transferência dos presos para a França, evitando um longo processo judicial que daria instrumentos de pressão ao governo chadiano e poderia envenenar as relações entre Paris e N'Djamena.
Em telefonema a Déby, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, pediu a aplicação do princípio da "presunção da inocência" - todo o mundo é inocente até sentença definitiva em contrário -, especialmente para os jornalistas e tripulantes, que "aparentemente não eram parte nas ações dessa associação".
Os europeus foram detidos em 25 de outubro em Abéché, no Leste do Chade, quando tentavam embarcar com 103 menores africanos num Boeing que os levaria para a França.
Dois dias depois, o ditador do Chade os acusou de tráfico de menores para "vendê-los" ou "matá-los para vender seus órgãos".
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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