O Tribunal Constitucional da Guatemala proibiu o presidente Jimmy Morales de assinar um acordo sobre imigração com os Estados Unidos chamado de "terceiro país seguro" para obrigar os refugiados a pedir asilo no primeiro país de trânsito. É mais uma jogada do presidente Donald Trump para tentar conter o fluxo migratório para os EUA.
Trump quer que os hondurenhos e salvadorenhos peçam asilo na Guatemala e que os guatemaltecos peçam asilo no México. Assim, só os mexicanos poderiam chegar até a fronteira dos EUA. Hoje, a maioria vem do Triângulo do Norte da América Central, da Guatemala, de Honduras e de El Salvador.
A designação da Guatemala como país um "terceiro país seguro" é impopular no país, que como o México sofre grande pressão do presidente americano. Trump está em campanha para a reeleição em 2020 e manipula o fantasma da imigração ilegal, um de seus temas favoritos para mobilizar o eleitorado branco sem curso superior.
O México está sob a ameaça permanente de um tarifaço de Trump, que não parece realmente interessado em resolver o problema da imigração, mas, sim, de usar a questão para manipular o eleitorado.
Em Honduras, há uma onda de protestos contra o presidente conservador Juan Orlando Hernández para marcar o aniversário de dez anos do golpe militar contra o presidente José Manuel Zelaya, em 28 de junho. Em dois de junho, manifestantes tocaram fogo em 62 caminhões e contêineres que iam para Porto Castela, noticiou o jornal hondurenho La Prensa.
Antes, em 31 de maio, os manifestantes queimaram pneus diante da entrada do setor de vistos da Embaixada dos EUA em Tegucigalpa. O incêndio chamuscou o muro externo da representação americana, mas logo foi apagado e não causou grandes danos.
As manifestações recomeçaram em 5 de junho em várias cidades hondurenhas, principalmente em Tegucigalpa e San Pedro Sula, a capital e o principal centro econômico do país. Em 2011, San Pedro Sula era responsável por dois terços do produto interno bruto de Honduras, estimado em US$ 45 bilhões.
No meio do fogo cruzado de gangues do tráfico de drogas para os EUA que o Estado hondurenho não tem poder para enfrentar, em 2015, San Pedro Sula foi considerada a cidade mais violenta do mundo, com um índice de homicídios de 187 para cada 100 mil habitantes.
Com crises econômica, política e de segurança pública, a tendência é que mais imigrantes saiam do país para tentar a sorte nos EUA.
Para ajudar a Guatemala, Honduras e El Salvador a enfrentar seus problemas, a Câmara dos Representantes dos EUA aprovou por unanimidade um projeto bipartidário para dar uma ajuda de US$ 577 milhões, informou o jornal guatemalteco Prensa Libre.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário