Como previsto pelas pesquisas de opinião, o ex-prefeito de Londres e ex-ministro do Exterior Boris Johnson foi eleito novo líder do Partido Conservador britânico e deve ser nomeado amanhã primeiro-ministro do Reino Unido, noticiou o jornal The Guardian.
Sua vitória foi recebida com ceticismo pelos dirigentes da União Europeia em Bruxelas, que rejeitam seus planos de retirar o país da União Europeia em 31 de outubro com ou sem acordo.
Na votação final entre os filiados ao partido, Johnson obteve 92.153 votos contra 46.656 votos para o ministro da Defesa, Jeremy Hunt. Sua principal tarefa será resolver os problemas criados pela Brexit (saída britânica).
Em Bruxelas, a futura presidente da Comissão Europeia, órgão executivo da UE, a alemã Ursula von der Leyen, declarou que "há muitas questões difíceis para resolver juntos. "É importante construirmos uma forte relação de trabalho porque temos o dever de entregar algo que seja bom para o povo da Europa e do Reino Unido."
Johnson é hoje o grande palhaço da política britânica, um bufão disposto a fazer qualquer coisa para se tornar chefe de governo. Ele não era a favor da saída da UE. Durante a campanha para o plebiscito de 23 de junho de 2016, chegou a escrever duas declarações. Na última hora, optou pela saída, numa traição ao então primeiro-ministro David Cameron.
Cameron convocou o plebiscito para tentar pacificar o Partido Conservador, dividido em torno da questão da Europa desde a queda da primeira-ministra Margaret Thatcher, em 1990. Acabou dividindo ainda mais o partido e o país, e renunciou ao cargo.
Como na política britânica, há uma regra não escrita de que quem mata o rei não ascende ao trono, Johnson perdeu a disputa pela liderança conservadora em 2016. Venceu a primeira-ministra Theresa May, que ficara ao lado de Cameron, votando pela permanência na UE.
May passou anos negociando um acordo de saída da UE, rejeitado três vezes pela Câmara dos Comuns do Parlamento Britânico. Sem condições de cumprir a missão mais importante de seu mandato, May caiu, abrindo caminho para o bufão carismático.
Uma saída dura da UE será um desastre para o Reino Unido, com queda de mais de 10% do produto interno bruto em cinco anos, de acordo com estudo do Banco da Inglaterra. Se a Brexit for confirmada, a Escócia deve convocar um novo plebiscito sobre a independência e sair do Reino Unido para voltar à Europa.
Amanhã, May vai apresentar seu pedido de demissão à rainha Elizabeth II. Pouco depois, Johnson vai ao Palácio de Buckingham, onde vai receber a incumbência de formar um novo governo.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário