Quase 1,4 mil pessoas foram presas hoje na capital da Rússia por participar de uma manifestação não autorizada de oposição ao ditador Vladimir Putin. O protesto tinha o objetivo de garantir a participação de candidatos da oposição nas eleições para a Câmara Municipal de Moscou, em 8 de setembro, depois que mais de dez foram barrados, informou o jornal The Moscow News.
A manifestação foi convocada pelo advogado e blogueiro anticorrupção Alexei Navalny, hoje o principal líder oposicionista russo, que foi preso na quarta-feira por 30 dias por organizar os protestos. Democrata e nacionalista, ele foi descrito em 2012 pelo jornal americano The Wall Street Journal como o "homem que Putin mais teme".
Além de Navalny, foram proibidos de concorrer, Ilya Yashin, Liubov Sobol e Ivan Jdanov. Diante da falta de candidatos legítimos, a oposição saiu às ruas para lutar pelos princípios básicos da democracia: o direito de votar em quem o represente.
No fim da semana passada, cerca de 22,5 mil pessoas se concentraram no centro de Moscou num protesto autorizado. Foi a maior manifestação dos últimos anos na capital russa. Neste fim de semana, as autoridades decidiram dar um basta no pior estilo autoritário da política do país.
"Tentativas de dar ultimatos e organizar manifestações violentas não vão trazer nada de bom", escreveu na manhã deste sábado no Twitter o prefeito Sergei Sobianov, alinhado com o Kremlin. "A ordem na cidade será garantida de acordo com a lei."
Ontem, a maioria dos candidatos da oposição a vereador em Moscou foi presa. Mesmo assim, cerca de 3,5 mil pessoas participaram do protesto, inclusive 700 jornalistas e blogueiros em luta pela liberdade de expressão.
Antes da hora marcada, 14h em Moscou (8h em Brasília), a polícia isolou a área em frente à Prefeitura Municipal de Moscou e prendeu 200 manifestantes. Até a manhã de domingo, 1.373 oposicionistas foram presos.
A onda de protestos através da Rússia é resultado da crise econômica que diminui a renda e o padrão de vida dos russos, com a forte queda nos preços internacionais do petróleo desde junho de 2014 e as sanções internacionais contra a anexação ilegal da Crimeia, em março do mesmo ano.
Assim, a popularidade de Putin e de seu partido Rússia Unida está em baixa. Não é massacrando a oposição que vai melhorar. Mas o czar da vez não está disposto a tolerar dissidentes.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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