segunda-feira, 15 de julho de 2019

Irã admite negociar se EUA suspenderem sanções

A República Islâmica do Irã está disposta a negociar com os Estados Unidos, se as sanções econômicas impostas pelo governo Donald Trump forem suspensas, declarou ontem o presidente Hassan Rouhani em pronunciamento na televisão iraniana.

"Nós sempre acreditamos em negociações", afirmou Rouhani. "Se suspenderem as sanções, acabarem com a pressão econômica e voltarem ao acordo, estamos dispostos a conversar com os EUA, agora e em qualquer lugar."

O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, desprezou a proposta iraniana, alegando que é o mesmo que ofereceram ao governo Barack Obama. Mas as grandes nações da Europa estão preocupadas.

Em uma declaração conjunta no domingo, a Alemanha, a França e o Reino Unido fizeram um apelo à calma. Querem reduzir a tensão no Oriente Médio e preservar o acordo nuclear assinado em 2015, no governo Obama, pelas grandes potências do Conselho de Segurança das Nações Unidas (EUA, China, França, Reino Unido e Rússia), a Alemanha e o Irã para congelar o programa nuclear militar iraniano por dez anos. Os grandes países da Europa disseram que isso "depende do pleno respeito pelo Irã de suas obrigações."

Na semana passada, a ditadura teocrática iraniana anunciou a decisão de enriquecer urânio acima do limite permitido pelo acordo. A Marinha britânica apreendeu um navio petroleiro iraniano com destino à Síria por força das sanções da União Europeia contra o regime de Bachar Assad por causa da guerra civil.

Dias depois, barcos e lanchas da Guarda Revolucionária Iraniana tentaram impedir a passagem de um petroleiro britânico pelo Estreito de Ormuz, na entrada do Golfo Pérsico, e foram repelidos por uma fragata da Marinha Real que escoltava o navio-tanque.

O conflito entre EUA e Irã tem origem no golpe de Estado de 1953 articulado pela CIA (Agência Central de Inteligência) contra o primeiro-ministro Mohamed Mossadegh, que nacionalizara o petróleo. Ascendeu ao poder o xá Reza Pahlevi, aliado de Washington.

Em fevereiro de 1979, uma revolução que começou com greves no setor de petróleo acabou entregando o poder ao clero muçulmano xiita e ao aiatolá Ruhollah Khomeini. Em novembro daquele ano, guardas revolucionários ocuparam a embaixada americana em Teerã e tomaram reféns.

Desde então, as relações entre os dois países estão rompidas. Mesmo assim, o governo Barack Obama negociou junto com as outras e o Irã um acordo assinado em 2015 para congelar o aspecto militar do programa nuclear iraniano por 10 anos.

Trump retirou os EUA do acordo e meses depois impôs duras sanções com o objetivo de impedir o regime dos aiatolás de exportar petróleo para sufocar a economia iraniana, numa verdadeira guerra econômica. A inflação ronda os 50% ao ano e o produto interno bruto do Irã deve cair 6% neste ano.

Ontem, o jornal inglês Mail on Sunday divulgou novos documentos sigilosos observações do embaixador Ken Darroch sobre o governo Trump. O abandono do acordo nuclear com o Irã foi descrito pelo embaixador como "vandalismo diplomático" por "razões ideológicas ou personalistas", porque era um acordo negociado por Obama.

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