terça-feira, 2 de julho de 2019

Credores cercam regime da Venezuela para cobrar dívidas de US$ 175 bilhões

Com o fracasso da revolta da oposição, os credores perdem a esperança de uma recuperação em curto prazo da economia da Venezuela e tentam cobrar US$ 175 bilhões em dívidas caloteadas e propriedades estatizadas.

A ditadura de Nicolás Maduro prendeu mais um assessor do presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, que se autoproclamou presidente interino em janeiro, alegando que a reeleição de Maduro foi fraudulenta. O deputado Juan Requesens foi acusado de participar de uma suposta tentativa de assassinar Maduro com um drone em agosto de 2018.

Requesens pertence ao partido do ex-governador Henrique Capriles, candidato da oposição derrotado nas eleições presidenciais de 2012 e 2013. No ano passado, foi impedido de concorrer. Requesens é um dos principais aliados de Guaidó. Por isso, as acusações são vistas como uma jogada da ditadura para justificar a prisão de Guaidó.

Os Estados Unidos, que apoiam Guaidó junto com mais de 50 países, inclusive o Brasil, advertiram o regime chavista a adotar nenhuma medida de força contra Guaidó

Diante do fracasso da tentativa de derrubar Maduro, a oposição está dividida. Guaidó pode não ser reeleito presidente do parlamento em 2020. Sem a expectativa de recuperação econômica que a queda de Maduro traria, os credores tentam recuperar pelo menos parte do dinheiro.

Depois de 20 anos de regime chavista, a Venezuela deve 175 bilhões de dólares em dívidas não pagas e bens desapropriados em nome do chamado socialismo do século 21. Com a renda anual do petróleo em menos de 30 bilhões de dólares, a Venezuela não tem como pagar. Essas dívidas serão mais obstáculos para a recuperação da economia do país. Meu comentário:

Em 1970, a Venezuela tinha a maior renda por pessoa da América Latina. Quando o caudilho Hugo Chávez chegou ao poder, em 1999, era a segunda maior, atrás apenas da Argentina. Desde a morte de Chávez, em 2013, o produto interno bruto caiu pela metade. A inflação deste ano deve chegar a 10 milhões por cento. O desabastecimento é generalizado. O país com as maiores reservas de petróleo do mundo não tem dinheiro para comprar papel higiênico.

Hoje, o Fundo Monetário Internacional, o FMI, estima que a Venezuela vai precisar de 30 bilhões de dólares por ano durante dez anos para recuperar a economia.

Na última década, a Venezuela caloteou a maior parte da dívida externa, especialmente a partir da forte queda nos preços do barril de petróleo, que valia 110 dólares em junho de 2014 e hoje vale 56 dólares.

Sem esperança.de renegociar a dívida em curto prazo, os credores tentam arrestar navios petroleiros, carregamentos de petróleo e instalações petrolíferas no exterior. Mesmo que o regime chavista acabe, as batalhas legais entre os credores e as autoridades venezuelanas devem se arrastar durante anos.

O problema para os credores é que Maduro permanece firme no Palácio de Miraflores com o apoio da cúpula das Forças Armadas.

A maior parte da dívida da empresa estatal Petróleos de Venezuela S. A., a PdVSA, vence nos próximos dez anos. A oposição planeja revitalizar o setor petrolífero cedendo a investidores privados o controle de áreas de exploração de petróleo, mas a herança maldita do chavismo será um setor de energia muito menor do que antes.

A produção de petróleo, que chegou a um pico de 3 milhões de barris por dia, ficou em 730 mil barris por dia em abril e pode cair a 500 mil barris diários até o fim do ano. Em outubro do ano passado, a Justiça Federal dos Estados Unidos autorizou os credores a mover ações contra a Citgo, uma empresa privada com participação da PdVSA que refina o petróleo venezuelano nos Estados Unidos.

Neste ano, o governo Donald Trump congelou todos os bens e ativos da Venezuela nos Estados Unidos, colocando-os à disposição do governo paralelo da oposição, liderado por Guaidó.

A cobrança de juros sobre as dívidas não pagas aumentam ainda mais o total da dívida a ser renegociado pelo futuro governo. Os futuros investidores terão de esperar até que o problema seja resolvido. A PdVSA também não terá condições de levantar capital enquanto não se livrar das obrigações.

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