A ditadura de Nicolás Maduro prendeu mais um assessor
do presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, que se autoproclamou
presidente interino em janeiro, alegando que a reeleição de Maduro foi
fraudulenta. O deputado Juan Requesens foi acusado de participar de uma suposta
tentativa de assassinar Maduro com um drone em agosto de 2018.
Requesens pertence ao partido do ex-governador Henrique
Capriles, candidato da oposição derrotado nas eleições presidenciais de 2012 e
2013. No ano passado, foi impedido de concorrer. Requesens é um dos principais
aliados de Guaidó. Por isso, as acusações são vistas como uma jogada da
ditadura para justificar a prisão de Guaidó.
Os Estados Unidos, que apoiam Guaidó junto com mais de
50 países, inclusive o Brasil, advertiram o regime chavista a adotar nenhuma
medida de força contra Guaidó
Diante do fracasso da tentativa de derrubar Maduro, a
oposição está dividida. Guaidó pode não ser reeleito presidente do parlamento
em 2020. Sem a expectativa de recuperação econômica que a queda de Maduro
traria, os credores tentam recuperar pelo menos parte do dinheiro.
Depois de 20 anos de regime chavista, a Venezuela deve
175 bilhões de dólares em dívidas não pagas e bens desapropriados em nome do
chamado socialismo do século 21. Com a renda anual do petróleo em menos de 30
bilhões de dólares, a Venezuela não tem como pagar. Essas dívidas serão mais
obstáculos para a recuperação da economia do país. Meu comentário:
Em 1970, a Venezuela tinha a maior renda por pessoa da
América Latina. Quando o caudilho Hugo Chávez chegou ao poder, em 1999, era a
segunda maior, atrás apenas da Argentina. Desde a morte de Chávez, em 2013, o
produto interno bruto caiu pela metade. A inflação deste ano deve chegar a 10
milhões por cento. O desabastecimento é generalizado. O país com as maiores
reservas de petróleo do mundo não tem dinheiro para comprar papel higiênico.
Hoje, o Fundo Monetário Internacional, o FMI, estima
que a Venezuela vai precisar de 30 bilhões de dólares por ano durante dez anos
para recuperar a economia.
Na última década, a Venezuela caloteou a maior parte
da dívida externa, especialmente a partir da forte queda nos preços do barril
de petróleo, que valia 110 dólares em junho de 2014 e hoje vale 56 dólares.
Sem esperança.de renegociar a dívida em curto prazo, os
credores tentam arrestar navios petroleiros, carregamentos de petróleo e
instalações petrolíferas no exterior. Mesmo que o regime chavista acabe, as
batalhas legais entre os credores e as autoridades venezuelanas devem se
arrastar durante anos.
O problema para os credores é que Maduro permanece
firme no Palácio de Miraflores com o apoio da cúpula das Forças Armadas.
A maior parte da dívida da empresa estatal Petróleos
de Venezuela S. A., a PdVSA, vence nos próximos dez anos. A oposição planeja
revitalizar o setor petrolífero cedendo a investidores privados o controle de áreas
de exploração de petróleo, mas a herança maldita do chavismo será um setor de
energia muito menor do que antes.
A produção de petróleo, que chegou a um pico de 3 milhões
de barris por dia, ficou em 730 mil barris por dia em abril e pode cair a 500
mil barris diários até o fim do ano. Em outubro do ano passado, a Justiça
Federal dos Estados Unidos autorizou os credores a mover ações contra a Citgo,
uma empresa privada com participação da PdVSA que refina o petróleo venezuelano
nos Estados Unidos.
Neste ano, o governo Donald Trump congelou todos os
bens e ativos da Venezuela nos Estados Unidos, colocando-os à disposição do
governo paralelo da oposição, liderado por Guaidó.
A cobrança de juros sobre as dívidas não pagas aumentam
ainda mais o total da dívida a ser renegociado pelo futuro governo. Os futuros
investidores terão de esperar até que o problema seja resolvido. A PdVSA também
não terá condições de levantar capital enquanto não se livrar das obrigações.
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