domingo, 21 de julho de 2019

Abe vence eleição mas sem maioria para mudar Constituição do Japão

O primeiro-ministro Shinzo Abe anunciou hoje a vitória do Partido Liberal-Democrata (PLD) nas eleições para o Senado do Japão. O resultado garante que Abe será o primeiro-ministro a ficar mais tempo no poder em seu país, mas ele não terá a maioria de dois terços necessária para reformar a Constituição, informou a televisão estatal NHK com base em pesquisa de boca de urna.

Depois de ser visto como o país do futuro nos anos 1980s, o Japão enfrenta uma longa estagnação da economia, risco de deflação, envelhecimento da população, tensão com os vizinhos China, Coreia do Norte e Coreia do Sul e até mesmo com os aliados Estados Unidos, com o imprevisível presidente Donald Trump na Casa Branca.

Abe quer mudar a Constituição pacifista de 1947, imposta pelos EUA depois de forçar a rendição do Japão na Segunda Guerra Mundial explodindo bombas atômicas em Hiroxima e Nagasake. Esta Constituição proíbe o Japão de projetar seu poderio militar além de suas fronteiras, que incluem o mar territorial.

Assim, o Japão só pode enviar suas Forças Armadas ao exterior em missões de paz oficiais das Nações Unidas. Depois do trauma da guerra, a população japonesa parece satisfeita com o pacifismo.

Há 12 anos, em 2007, Abe foi obrigado a renunciar depois de uma derrota eleitoral do PLD. Voltou ao poder em 2012 e daqui a quatro meses será o primeiro-ministro a governar o Japão por mais tempo. Hoje, tentou minimizar a falta de maioria qualificada: "A questão não é conquistar uma maioria de dois terços. É se podemos ou não ter uma coalizão de governo estável."

O objetivo de Abe é tornar o Japão um país normal, responsável por sua própria defesa. Com base em tratado assinado em 1951, os EUA são encarregados da segurança e defesa do Japão. Diante do unilateralismo de Trump, até os aliados europeus da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) duvidam se os EUA vão à guerra para defendê-los.

Desde sua fundação, em 1955, o PLD domina amplamente a política japonesa. Só perdeu o poder em dois períodos, cerca de um ano entre 1993 e 1994 e de 2009 a 2012. Apesar da corrupção, é visto como o país que fez do Japão uma grande potência econômica, hoje a terceira maior economia do mundo, com uma produção anual de US$ 5 trilhões.

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