Não houve explosão nem cheiro nem o ruído de escapamento de gás, apenas um clique. Não havia nada de espetacular nem detectável.
"Pensamos que era mais uma bomba que não explodira e ninguém deu atenção", declarou Omar Haidar, comandante da Brigada Tahrir al-Cham (Libertação da Síria) no bairro de Jobar, na entrada de Damasco, está a menos de 500 metros da Praça dos Abássidas, no centro da capital da Síria.
Logo apareceram os sintomas. Os homens tossiam violentamente. Os olhos ficaram vermelhos, as pupilas se contraíram ao extremo, a visão se obscureceu. Em seguida, vieram as dificuldades respiratórias, às vezes agudas, o vômito, as convulsões. Era preciso socorrer os combates mais atingidos, descrevem dois repórteres do jornal francês Le Monde, que ficaram dois meses clandestinamente na Síria para confirmar o uso de armas químicas pela ditadura de Bachar Assad.
Em agosto de 2012, o presidente Barack Obama advertiu Assad que o uso de armas químicas seria um sinal vermelho além do qual os Estados Unidos interviriam na guerra civil síria. Receoso de se envolver em outra guerra no Oriente Médio, Obama hesita.
Quando seu próprio governo confirmou as denúncias feitas inicialmente pela França, o Reino Unido e Israel, o presidente americano pediu confirmação às Nações Unidas. Se os ataques químicos forem comprovados, Obama promete consultar os aliados.
No momento, a diplomacia dos EUA negocia com a Rússia, única grande potência que apoia Assad, a realização de uma conferência internacional sobre a paz na Síria. A França vetou a participação do Irã, principal aliado do regime sírio no Oriente Médio.
As opções para intervir são enviar tropas, impor uma zona de exclusão aérea para impedir a ditadura de atacar pelo ar ou armar os rebeldes. Esta última possibilidade está sendo examinada hoje pelo Conselho de Ministros da União Europeia. Traz o risco de que as armas caiam em mãos de terroristas muçulmanos.
O Exército de Israel já estaria preparando uma grande operação militar para tentar assumir o controle do arsenal de armas químicas em caso de queda de Assad.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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