O ex-ditador Jorge Rafael Videla, que aterrorizou a Argentina durante o período em que foi presidente, de 1976 até 1981, quando dezenas de milhares de pessoas desapareceram, morreu hoje na cadeia no Campo de Mayo, perto de Buenos Aires, aos 87 anos depois de ser condenado em vários processos por crimes contra a humanidade e os direitos humanos.
Ao lado do comandante da Marinha, almirante Emilio Massera, o general Jorge Videla, liderou o golpe militar de 24 de março de 1976 contra o governo María Estela Martínez de Perón, viúva do general Juan Domingo Perón, em meio à anarquia, com um clima de guerra civil, e comandou a guerra suja contra os grupos guerrilheiros e as correntes políticas de esquerda, mesmo as não engajadas na luta armada.
Até o fim da ditadura, em 1983, depois da atuação dos algozes do povo argentino na Guerra das Malvinas, em 1982, cerca de 30 mil argentinos foram mortos ou desapareceram.
Jorge Videla fora condenado à prisão perpétua em 1985, durante o governo Raúl Alfonsín, quando foram julgados os nove integrantes das juntas militares que governaram a Argentina até a Guerra das Malvinas. Em 1990, recebeu indulto do então presidente Carlos Menem, mas não conseguia sair às ruas sem ser interpelado e hostilizado.
Os julgamentos dos crimes cometidos pela ditadura militar foram reabertos em 2005, depois que o governo Néstor Kirchner anulou as leis de anistia, indulto, Obediência Devida e Ponto Final. Na prática, eram garantias de impunidade dos repressores da guerra suja argentina, a mais brutal da América Latina durante a Guerra Fria.
Videla nunca reconheceu sua culpa. Sempre alegou estar travando uma guerra contra o comunismo em nome de Deus, da pátria e da família. Sua morte lembra o pior momento da história recente da Argentina, quando a vida dos opositores da ditadura militar não valia muito.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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