A polícia do Zimbábue prendeu hoje dezenas de oposicionistas e funcionários da Comissão Eleitoral, como parte da manobra do presidente Robert Mugabe para anular a eleição presidencial de 29 de março, onde ao que tudo indica foi derrotado pelo sindicalista Morgan Tsvangirai, do Movimento pela Mudança Democrática (MDC, do inglês).
Até hoje, não saiu o resultado oficial. Há uma recontagem parcial dos votos das eleições legislativas, mas aí tampouco há novidade.
Diante da derrota, o presidente teria iniciado uma negociação com o MDC para transferir o poder num governo de união nacional, com alguns ministros da União Nacional Africana do Zimbábue-Frente Popular (ZANU-PF, do inglês). Este partido governa o país desde a derrota do regime supremacista branco de Ian Smith, em 1980, e a total independência do Império Britânico.
Os generais de Mugabe teriam convencido ou forçado o presidente a dar o golpe e ignorar o resultado das urnas, com medo de processos por corrupção e violações dos direitos humanos.
Em tom agressivo e desafiante, o presidente discursou na inauguração de uma feira internacional advertindo contra as tentativas de "recolonizar o Zimbábue". Esse velho discurso de herói da independência não faz mais sentido 28 anos depois, com 80% de desemprego e uma inflação de 165.000% ao ano que destrui a economia de um país antes conhecido como o celeiro da África.
É mais uma tragédia africana anunciada.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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