Num desafio ao governo George Walker Bush e a Israel, o ex-presidente americano Jimmy Carter conversa hoje, em Damasco, na Síria, com o líder máximo do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), Khaled Mechal.
Em entrevista ontem, Carter perguntava: "Por que não se pode falar com a Síria nem com o Hamas?"
É uma tentativa de abrir uma brecha para o diálogo. Funcionou em 1994, quando Carter visitou o veterano líder da Coréia do Norte, Kim Il Sung. Os EUA acabaram fazendo um acordo com Pionguiangue que não foi cumprido. Mas a missão diplomática de Carter foi bem-sucedida.
Agora a situação é ainda mais difícil. Negociar diretamente com o Hamas atropelaria a Autoridade Nacional Palestina e seu presidente, Mahmoud Abbas, até agora escolhidos pelos Estados Unidos e Israel como interlocutores da causa palestina.
O Hamas também foi sempre contra os Acordos de Oslo. Teria de aceitá-los para sentar-se à mesa de negociações.
Há duas semanas, Mechal declarou em entrevista a um jornal palestino que aceitaria negociar com base no Documento dos Prisioneiros, adotado pela Liga Árabe, que ofereceu paz e reconhecimento a Israel em troca da criação de um Estado palestino na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, com capital no setor árabe de Jerusalém.
Outra exigência de Mechal seria o direito de retorno dos refugiados palestinos desde a fundação de Israel, há 60 anos. Por razões demográficas, isso é totalmente inaceitável por Israel, que pode concordar com uma indenização a quem teve suas casas e terras desapropriadas nas guerras árabe-israelenses desde 1948.
Israel não aceita negociar com o Hamas enquanto este não abandonar a luta armada e reconhecer o direito de existência de Israel. Mesmo que comecem a discutir, a distância de posições é enorme.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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