quarta-feira, 30 de abril de 2008

Itália pede extradição de ex-ditador peruano

A Justiça da Itália pediu a prisão para fins de extradição do general reformado Francisco Morales Bermúdez, ditador do Peru de 1975 até a democratização do país, em 1980.

Morales Bermúdez é acusado de seqüestro e homícidio, pela captura de três pessoas de nacionalidade argentina e italiana em território peruano. Acusados de terrorismo, ele foram expulsos para a Bolívia e entregues à sanguinária ditadura militar argentina.

Também foram denunciados criminalmente o ex-primeiro-ministro Pedro Richter Prada, o ex-chefe do Serviço de Inteligência do Exército Martín Martínez Garay e o general-de-divisão Germán Ruiz Figueroa.

Há nove anos, o promotor Giancarlo Capaldo e a juíza Luissiana Figliola investigam o desaparecimento e a morte de 25 italianos durante a Operação Condor. Três casos aconteceram no Peru.

Em junho de 1980, a pouco mais de um mês do fim do governo Morales Bermúdez, agentes do serviço secreto do Exército peruano prenderam em Lima María Inés Raverta, Julio César Ramírez e Noemí Gianotti de Molfino, procurados por agentes de do Exército argentino como membros do Movimento Peronista Montonero.

Dias depois, eles foram expulsos para a Bolívia, sob a alegação de que haveriam entrado irregularmente no país. Nunca mais se soube de Raverta. O cadáver de Gianotti de Molfino foi encontrado num hotel em Madri, em julho.

A história de Ramírez é mais cruel. Suas impressões digitais estavam no quarto onde foi encontrada Gianotti de Molfino. Mas não se tem certeza se ele estive ali ou se foi uma armação para desviar a culpa da ditadura militar argentina.

Antes de sair do Peru, os três foram torturados por militares argentinos em quartéis do Exército peruano. Tanto Morales Bermúdez como Richter Prada admitiram que houve essas prisões. Negam que tenha havido tortura e que o Peru tenha participado da Operação Condor.

Essas ações eram parte da Operação Condor, uma associação clandestina dos governos militares da época para perseguir, torturar e matar os militantes de esquerda mesmo fora de seus países, como foi o caso de um casal de uruguaios seqüestrado pelo DOPS da polícia do Rio Grande do Sul, em 1978, e entregue na fronteira para agentes da ditadura militar do Uruguai.

O caso mais notório foi o assassinato em Washington do ex-ministro do Exterior e da Defesa do Chile no governo Salvador Allende, Orlando Letelier, em 1976. As mortes de Juscelino Kubitschek, João Goulart e Carlos Lacerda aconteceram na mesma época e paira uma névoa de suspeita sobre o alcance das garras do Condor.

A operação é tema do premiado documentário Condor, de Roberto Mader, que está sendo lançado no Rio de Janeiro.

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