O ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi será chefe de governo da Itália pela terceira vez.
Sua aliança conservadora Povo da Liberdade venceu as eleições de domingo e segunda-feira com uma maioria mais estável do que há obtida pelo governo de centro-esquerda de Romano Prodi, que caiu em janeiro de 2008, depois de um ano e oito meses no poder.
Berlusconi terá uma maioria de cerca de cem deputados na Câmara e de 32 senadores. Prodi tinha uma maioria de apenas dois senadores. Qualquer dos partidos nanicos de sua coalizão de nove partidos estava em posição de derrubar o governo.
Na sua primeira declaração, o bilionário Berlusconi preparou os italianos para dificuldades, "tempos duros pela frente". A Liga Norte, originalmente um partido separatista lombardo, hoje aliada de Berlusconi, melhorou sua votação, assim como a neofascista Aliança Nacional, enquanto a Esquerda do Arco-Íris, uma coligação de verdes com o Partido de Refundação Comunista, desapareceu do parlamento italiano.
Com a terceira maior dívida do mundo, superior ao produto interno bruto pouco mais de US$ 2 trilhões, e uma economia estagnada há 7 anos, o maior desafio do novo governo é estimular o crescimento da economia italiana.
Será o 62º governo italiano desde o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945.
Il Cavalière Berlusconi, como o folclórico primeiro-ministro é chamado, é um dos homens mais ricos da Itália, dono do clube de futebol Milan, da Mediaset, a maior rede de televisão privada do país, e do grupo financeiro Fininvest. Entrou na política no vácuo do desaparecimento da Democracia Cristã, que dominou a política italiana durante a Guerra Fria, por causa dos escândalos de corrupções investigados pela Operação Mãos Limpas.
Mas não é menos corrupto do que os políticos que substituiu e que o ajudaram a subir, por exemplo, com concessões de TV, como o ex-primeiro-ministro socialista Bettino Craxi, um dos condenados pela Operação Mãos Limpas. Berlusconi passou parte de seus governos anteriores mudando leis para não ser condenado.
Seus principais aliados são a Liga do Norte, inicialmente um partido separatista da Lombardia que queria se livrar do Sul pobre da Itália; e a Aliança Nacional, herdeira do partido fascista do ditador Benito Mussolini.
Entre as primeiras políticas anunciadas pelo futuro governo, está a linha dura contra a imigração ilegal, apontada por Berlusconi na campanha como causa da criminalidade. Veja sua primeira entrevista: “Uma das primeiras coisas a fazer é fechar as fronteiras e criar mais campos para identificação de cidadãos estrangeiros que não têm empregos e são forçados a entrar para o crime. Em segundo lugar, precisamos de mais policiais locais que constituam um exército do bem nas praças e nas ruas, para intervirem e ficarem entre o povo italiano e o exército do mal.”
Na campanha, Berlusconi atribuiu a estagnação econômica, o desemprego, a alta nos preços de combustíveis e alimentos ao governo Prodi. Prometeu cortar impostos e reduzir o déficit público e a dívida, o que é um pouco de mágica do Cavalière.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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