Os militares dos Estados Unidos relutam em declarar vitória no Iraque e também o presidente George Walker Bush. Afinal, Bush fez isso em 1º de maio de 2003 e a situação do país invadido deteriorou-se dramaticamente. Mas, na contramão da maioria dos analistas, o especialista inglês Bartle Bull acaba de publicar um artigo na prestigiada revista britânica Prospect com um título que reproduz a frase de Bush: "Missão cumprida!"
Seu argumento é que os objetivos estratégicos da invasão estão sendo atingidos e que a situação do Iraque hoje é melhor do que sob a ditadura de Saddam Hussein. Bull alega que as forças da aliança liderada pelos EUA estão no Iraque com a concordância de um governo democraticamente eleito e das Nações Unidas, que renovaram seu mandato em agosto deste ano.
Apesar da violência sectária, diz o analista, o Iraque não se desintegrou: manteve sua integridade territorial e unidade política.
Em vez de ditadura, o país tem uma democracia ainda incipiente mas realiza eleições com maior participação popular do que nas sociedades democráticas da Europa e nos EUA. Tem uma Constituição que garante liberdades públicas sem comparação com seus vizinhos do Oriente Médio, com eleições livres, liberdade de imprensa, diversos partidos políticos e direitos civis.
A violência ainda é terrível mas o número total de mortos desde a invasão americana estaria, segundo Bull, entre 80 e 200 mil, muito abaixo dos 1,5 milhão de mortos nas guerras, genocídios e repressão de Saddam Hussein. Ele atribui os massacres à rede terrorista Al Caeda e às milícias sunitas e xiitas. Mas entende que a violência já perdeu a legitimidade política, por conta do repúdio da maioria da população iraquiana, especialmente dos sunitas, que se afastaram da Al Caeda.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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