Os Estados Unidos assinaram na segunda-feira, 28 de janeiro de 2013, um acordo com o Níger para estabelecer uma presença militar permanente no Deserto do Saara e na região do Sahel, onde é cada vez maior a atividade de extremistas muçulmanos ligados à rede terrorista Al Caeda.
Assim, os americanos estarão perto do Norte do Máli, no momento alvo de uma intervenção militar francesa para combater jihadistas, e das jazidas de urânio do Níger.
O maior temor dos EUA hoje é que armas de destruição em massa caiam em poder de terroristas. O urânio, carga da bomba atômica, é um desses materiais sensíveis. As usinas nucleares da França, responsáveis por 80% da geração de energia elétrica no país, se abastecem com urânio do Níger.
Depois da intervenção no Máli, os EUA e a França devem criar um centro de informações no Níger, talvez com uma base de onde aeronaves americanas não tripuladas possam patrulhar o Saara e o Sahel.
Com a fuga dos extremistas muçulmanos, a França espera que uma força de países da Comunidade Econômica da África Ocidental (Ecowas, do inglês), uma organização regional liderada pela Nigéria, ajude o Exército do Máli a manter a integridade territorial do país.
Mas o objetivo maior da intervenção francesa é evitar que Al Caeda tenha bases e centros de treinamento na vastidão do deserto do Norte da África, de onde poderia lançar ataques contra a Europa e os EUA.
Depois da morte de Ossama ben Laden, seu sucessor, o médico egípcio Ayman al-Zawahiri teria reorientado Al Caeda para a África, onde haveria mais chance de penetração do extremismo muçulmano, especialmente em Estados em colapso como a Somália ou o Máli depois do golpe militar de março de 2012.
Não está claro quanto militares americanos serão baseados no Níger. No momento, há mais de 50. Algumas pistas de pouso próximas à fronteira com o Máli já foram escolhidas para operações com drones, as aeronaves não tripuladas, ou mesmo de comandos de elite. Estão mais perto da região que tinha sido tomada pelos salafistas do que o aeroporto da capital, Bamako.
Os EUA também querem a ajuda da Argélia, que enfrentou uma violenta guerra civil contra os islamistas com mais de 100 mil mortes, para combater Al Caeda no Magreb Islâmico. Seu governo costuma ser implacável com os rebeldes muçulmanos.
O comando militar americano para a África fica na Alemanha. A maior concentração de equipamento militar americano na África neste momento está em Camp Lemonnier, uma base militar francesa no Djibuti usada para lançar ataques de drones no Iêmen.
Além do pessoal que está no Níger, o governo Barack Obama enviou um batalhão com uns 100 homens para ajudar a combater o Exército de Libertação do Senhor, um grupo guerrilheiro acusado de graves violações dos direitos humanos.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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