Em mais um desafio ao Conselho de Segurança das Nações Unidas, o regime comunista da Coreia do Norte advertiu hoje que vai fazer um terceiro teste nuclear e deixou claro que seus mísseis de longo alcance têm como objetivo atingir o território dos Estados Unidos, descrito como "inimigo jurado" do povo coreano.
O governo stalinista de Pionguiangue foi punido pelas duas explosões atômicas anteriores, realizadas em 2006 e 2009, e submetido a novas sanções pela ONU desde terça-feira por testar um míssil de longo alcance em dezembro de 2012.
A Comissão de Defesa Nacional, presidida pelo jovem ditador Kim Jong Un, prometeu continuar lançando foguetes e mísseis, e realizar novos testes nucleares, como parte de uma "nova fase" na luta contra os EUA, que responsabiliza pelas sanções impostas pelo Conselho de Segurança.
"Não escondemos que uma variedade de satélites e foguetes de longo alcance serão lançados pela República Popular Democrática da Coreia um atrás do outro e que um teste nuclear de alto nível será realizado dentro de uma próxima ação total, uma nova fase da luta contra os EUA, inimigo jurado do povo coreano", alertou a comissão.
Ao falar em teste nuclear de "alto nível", a ditadura norte-coreana deve estar falando de uma arma atômica de urânio. Os testes anteriores foram com bombas de plutônio.
A Península da Coreia, tomada pelo Japão em 1910, foi dividida no fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, quando os Estados Unidos ocuparam o Sul e a União Soviética o Norte. Essa divisão foi oficializada em 1948 pela criação das Coreias do Norte e do Sul.
Em 25 de junho de 1950, uma invasão do Sul pelo Norte, liderado por Kim Il Sung, avô do ditador atual, deu início à Guerra da Coreia, que durou três anos. Até hoje, as duas Coreias não assinaram um tratado de paz. A Coreia do Norte insiste que seu verdadeiro inimigo é os EUA. Chama a Coreia do Sul e o Japão de "fantoches" de Washington.
Até hoje, os EUA mantêm 28 mil soldados na Coreia do Sul com mandato do Conselho de Segurança para reunificar a península coreana, obtido em 1950 porque na época a URSS estava boicotando a ONU em protesto contra a não admissão da China comunista. Esta é uma das razões invocadas pela Coreia do Norte para desenvolver armas atômicas
Como o colapso do comunismo e o fim da URSS, a Coreia do Norte perdeu seu maior patrocinador. Desde os anos 90, faz uma chantagem nuclear com os EUA. Exige ajuda de energia e de alimentos para aplacar a fome de seus 22 milhões de habitantes, que estariam muito melhor se o país não estivesse envolvido numa corrida nuclear inútil.
A China, que lutou ao lado do Norte na Guerra da Coreia e empurrou as forças lideradas pelos EUA para baixo do paralelo 38ºN em determinado momento, é hoje a maior aliada da Coreia do Norte. Usa seu poder e prestígio junto ao vizinho como uma carta em negociações com os EUA, beneficiando-se desse impasse permanente.
Com o regime à beira do abismo, a ditadura norte-coreana quer se dotar de armas capazes de garantir sua sobrevivência.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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