Forças especiais do Exército da Argélia atacaram hoje o campo de exploração de gás de In Amenas, no Deserto do Saara, perto da fronteira da Líbia. Pelo relato oficial, sete reféns e onze terroristas foram mortos. O presidente da França, François Hollande, declarou que a operação ainda não terminou.
O balanço final de mortos ainda é incerto. O total de estrangeiros sequestrados pelos extremistas muçulmanos que exigem o fim da intervenção militar da França no Norte do Máli era de 132 e não de 41, como anunciado inicialmente.
Em entrevista à televisão pública britânica BBC, o professor George Joffe, da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, alegou que o uso do adjetivo islamita deve ser feito com cuidado: "Não nego que eles tenham objetivos jihadistas, mas estão envolvidos numa série de atividades criminosas como extorsão mediante sequestro, contrabando de armas, drogas e até de cigarros".
O líder da Brigada Al-Muthalimin, Mokhtar Belmokhtar, responsável pela tomada de reféns, é conhecido como Sr. Marlboro.
Veterano da trágica guerra civil na Argélia, onde cerca de 100 mil pessoas foram mortas nos anos 90, Belmokhtar se beneficiou do aumento do tráfico de armas decorrente da rebelião contra Muamar Kadafi na Líbia e rompeu com Al Caeda no ano passado para liderar seu próprio grupo.
É uma indicação de que os jihadistas não passam no fundo de um bando de miseráveis. Isso significa que será necessário muito mais do que ações militares para estabilizar a região do Sahel, ao sul do Deserto do Saara, para evitar a presença da rede terrorista Al Caeda no Magreb Islâmico.
Para a Argélia, o ataque terrorista representa uma volta da guerra civil dos anos 90. Por esta razão, o governo decidiu usar a força decididamente. Ao mesmo tempo, a produção de gás e petróleo é o pilar de sustentação da economia argeliana. O país terá de coordenar suas ações de inteligência com os governos dos países que participam da exploração ou têm especialistas trabalhando lá.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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