Onde os presidentes Ronald Reagan, Bill Clinton e George W. Bush fracassaram, Barack Obama tem uma grande chance de sucesso, na reforma da lei de imigração para dar uma oportunidade a 11 milhões de pessoas que vivem ilegalmente nos Estados Unidos de regularizar sua situação, inclusive cerca de 150 mil brasileiros.
No passado, qualquer proposta de legalizar os imigrantes ilegais enfrentava feroz resistência dos setores mais conservadores da sociedade americana. Embora os EUA sejam um país de imigrantes, a maioria branca falava mais alto.
Mas, na reeleição de Obama, em 6 de novembro de 2012, o voto latino foi decisivo. Cerca de 71% dos latinos votaram no presidente. É a parcela do eleitorado que mais cresce. Já passa de 10%. O Partido Republicano finalmente entendeu que não terá condições de ganhar eleições no futuro confiando na sua base do passado. Precisa conquistar uma fatia maior do voto latino.
Assim, pela primeira vez, há um consenso bipartidário de que chegou a hora de mudar as regras da imigração. Ontem, uma comissão do Senado chegou a um acordo e as duas casas do Congresso estão empanhadas na reforma.
Em discurso em Las Vegas, o presidente acaba de destacar a importância econômica dos imigrantes na História dos EUA. Ao mesmo tempo, lembrou que seu governo reforçou a fronteira com o México para conter a imigração ilegal e aumentou o número de deportações de criminosos.
"Os princípios são claros", afirmou Obama. "Primeiro, precisamos manter a segurança das fronteiras e fiscalizar as empresas que empregam ilegais, punindo-as se não se enquadrarem. Em segundo lugar, precisamos lidar com os 11 milhões de ilegais. Eles têm de conquistar o direito de residência, mas precisa haver um caminho legal para a cidadania".
Esse processo deve incluir a "verificação dos antecedentes, o pagamento de impostos, o pagamento de uma multa e aprender inglês. Precisa haver um caminho para o green card", acrescentou Obama.
"Em terceiro, precisamos de um sistema que reflita a realidade do nosso tempo", prosseguiu. "Se você é um cidadão, não precisa de anos para poder trazer a família. Se você é um estudante ou empresário e quer abrir uma empresa, devemos ajudá-lo a fazer sucesso aqui".
Para Obama, o que torna uma pessoa um cidadão dos EUA "não é o sangue ou o nascimento, é a adesão a uma série de princípios", continuou, citando até o cientista judeu alemão Albert Einstein como um dos imigrantes que ajudou a construir a grandeza do país.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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