A China enviou hoje a Taiwan o primeiro negociador de alto nível em quase 60 anos de conflito iniciando uma negociação histórica.
O regime comunista chinês considera a ilha uma província rebelde e ameaça invadi-la, se Taiwan declarar a independência. Foi para lá que fugiu o governo nacionalista de Chiang Kai-shek e de seu partido, o Kuomintang (KMT), diante da vitória da revolução comunista liderada por Mao Tsé-tung, em 1º de outubro de 1949.
Desde então, os dois países são inimigos. Em 1971, quando o então assessor de Segurança Nacional, Henry Kissinger, iniciou a reaproximação entre os Estados Unidos e a China, o governo comunista chinês passou a ocupar a vaga da China no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Passou a excluir Taiwan de todas as organizações internacionais sob o argumento de que "só existe uma China".
Em 1996, quando um partido favorável à independência ganhou a eleição presidencial em Taiwan, a China chegou a disparar mísseis para intimidar a ilha. Os EUA deslocaram parte da Frota do Pacífico para o Estreito de Taiwan. Hoje, a China já tem uma força naval de águas profundas para enfrentar esses desafios.
Com a abertura econômica na China continental, a partir das reformas lançadas por Deng Xiaoping em 1978, as relações melhoraram. O regime de Beijim precisava de capital externo para promover a industrialização e a modernização do país. A diáspora chinesa, em Taiwan, Hong Kong, Cingapura, Macau, Malásia e Indonésia, era uma boa fonte.
A melhoria das relações foi uma das promessas de Ma Ying-jeou, o atual líder do KMT, eleito no início do ano para presidir Taiwan com uma plataforma eleitoral com três nãos: "Não à independência, não à guerra e não à unificação!"
Esse é o significado histórico das negociações iniciadas hoje quando o representante chinês Chen Yunlin e o negociador taiwanês Chiang Pin-kung apertaram as mãos no Grand Hotel, em Taipé.
Desde junho, há vôos turísticos diretos entre a ilha e o continente. Agora, a idéia é "intensificar a cooperação econômica para o benefício da população dos dois lados do estreito".
Os acordos podem ser assinados já nesta terça-feira. A missão chinesa fica em Taiwan até sexta-feira.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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