O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Henry Paulson, sinalizou claramente hoje uma mudança no plano de US$ 700 bilhões para salvar a economia americana.
Em vez de comprar papéis pobres, as dívidas incobráveis em poder de instituições financeiras, vai usar o dinheiro para capitalizar empresas, inclusive as não-financeiras, mas não a indústria automobilística.
Paulson declarou que a situação da indústria automobilística está em estudo. Qualquer plano para recuperá-la terá de pensar em longo prazo, acrescentou. Só que a General Motors, que já foi a maior empresa do mundo, pode não chegar ao fim do ano.
O presidente eleito, Barack Obama, defende um apoio para a modernização tecnológica da indústria automobilística, que chamou de "espinha dorsal" do setor manufatureiro americano, e a fábricação de carros mais eficientes, que gastem menos energia e poluam menos.
A mudança de planos de Paulson aprofundou a queda na Bolsa de Nova Iorque. Foi mais um dia de perdas para o mercado, com a exceção da Bolsa de Xangai, na China, que subiu 1,5%, na contramão do resto do mundo.
No resto da Ásia, pesaram as quedas nas ações dos setores imobiliário, em Hong Kong, que perdeu 0,7%, e de petróleo na Bolsa de Tóquio, que caiu 1,3%.
Na Europa, o Banco da Inglaterra previu uma "forte contração" em 2009, com risco de deflação. O desemprego no Reino Unido chegou ao nível mais alto em 11 anos. Há 1,825 milhão de desempregados. A Alemanha, maior economia do continente, deve ficar estagnada no próximo ano.
Com a ameaça de uma recessão longa e profunda nos países ricos, estendendo-se por todo o ano de 2009, a Bolsa de Londres caiu 1,8%, Frankfurt 3% e Paris 3,1%. As maiores perdas incluíram os setores financeiro e varejista.
Nos Estados Unidos, a mão pesada do Tesouro, ao promover um desvio de rota, levantou a suspeita de que o governo americano está perdido no combate à crise.
O secretário Paulson fez questão de dizer que a economia está se estabilizando. Depois de tantas trapalhadas, o mercado desconfia.
A expectativa de uma recessão prolongada, capaz de ameaçar de falência megaempresas como a GM, derrubou a Bolsa de Nova Iorque. O índice Dow Jones perdeu 4,7%, o mais amplo S&P500 e a Nasdaq, das empresas de alta tecnologia, mais de 5%.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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