Diante do crescimento das tensões políticas e da violência, o ditador do Paquistão, general Pervez Musharraf, decretou estado de emergência, suspendeu a Constituição e afastou pela segunda vez o presidente do Supremo Tribunal de Justiça, Iftikhar Mohammed Chaudhry. As televisões saíram do ar e as comunicações telefônicas foram cortadas em várias cidades paquistanesas.
A Suprema Corte rejeitou a decretação de estado de emergência. O mais alto tribunal paquistanês estaria prestes a declarar ilegal a eleição de Musharraf.
Pouco depois, militares invadiram o escritório de Chaudhry e o comunicaram que estava destituído. O ministro Abdul Hamid Dogar foi nomeado para substituí-lo.
Em um ato de subordinação, soldados paquistaneses estariam se negando a cumprir as medidas repressivas decorrentes do estado de emergência sob a alegação de que não vão atirar em "irmãos muçulmanos".
Único país muçulmano com armas nucleares, o Paquistão é considerado um país-chave na guerra contra o terrorismo.
Desde agosto, o general Musharraf queria impor o estado de emergência. Foi contido pelos EUA. Mas, naturalmente, tratado-se de um país muçulmano com a bomba atômica, a preocupação americana é muito mais com a segurança do que com a democracia.
A ex-primeira-ministra Benazir Bhutto, que teria feito um acordo com Musharraf para voltar à chefia do governo, acaba de regressar ao Paquistão. Seu avião pousou agora há pouco no aeroporto de Caráchi, maior cidade do país.
Na última vez em que voltou, em 18 de outubro deste ano, depois de anos de exílio, Benazir foi alvo de um atentado terrorista que matou 136 pessoas. Agora, acusou Musharraf de desrespeitar as instituições e marchar para uma ditadura.
Musharraf chegou ao poder num golpe militar em 1999. A tentativa de afastar o presidente do Supremo minou o que restava de sua credibilidade.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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