O Japão enfrenta uma ameaça de paralisia política depois da renúncia do líder do maior partido de oposição, que rejeitou uma proposta do primeiro-ministro Yasuo Fukuda para formar uma grande coalizão.
"Decidi renunciar para assumir a responsabilidade dentro e fora do partido pela confusão política causada pela proposta do primeiro-ministro para formar uma nova coalizão", declarou Ichiro Ozawa, no domingo, 4 de novembro.
Fukuda lidera o Partido Liberal-Democrata, que governa o Japão desde 1955, com exceção de um breve período de cerca de um ano nos anos 90, que tem maioria na Câmara. Nas eleições de julho, pela primeira vez, a oposição conquistou a maioria no Senado.
Para evitar um impasse e uma paralisia legislativa, o primeiro-ministro convidou o Partido Democrático do Japão para formar o novo governo. A proposta provocou a revolta dos oposicionistas. Afinal, os eleitores votaram no PDJ como uma alternativa ao PLD.
Como Ozawa não rejeitou imediatamente o convite, enfrentou uma rebelião interna do partido. Ele considerou que isso equivalia a um voto de desconfiança e decidiu pedir demissão. É um duro golpe para o PDJ e sua ambição de criar no Japão um sistema político bipartidário.
Sem a credibilidade conferida pelo exercício do poder, "a vitória nas próximas eleições será muito difícil", declarou Ozawa.
Aumenta assim a possibilidade de que o PLD resolva antecipar as eleições para a Câmara. Por enquanto, o governo continua paralisado para maioria oposicionista no Senado.
Na semana passada, não conseguiu aprovar uma nova Lei Antiterrorismo para permitir as operações de reabastecimento feita pela Marinha do Japão no Oceano Índico, em apoio às operações militares dos Estados Unidos no Afeganistão.
Para tentar aprovar a lei e atrair o PDJ, Fukuda concordou que as Forças de Defesa do Japão só participem de operações sancionadas pelo Conselho de Segurança ou a Assembléia Geral das Nações Unidas e deu total prioridade à formação de uma grande aliança. Sem sucesso.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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