Um general da reserva e ex-ministro da Defesa que ajudou o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, a resistir ao golpe de Estado de 12 de abril de 2002 criticou a reforma proposta pelo caudilho venezuelano, afirmando que, "na prática, é um golpe de Estado, violando descaradamente a Constituição".
Em entrevista coletiva, o general Raúl Baduel foi direto: "O povo venezuelano deve rejeitar categoricamente esta fraude."
Na última sexta-feira, a Assembléia Nacional amplamente dominada pelos aliados de Chávez, já que as oposições boicotaram as eleições legislativas de dezembro de 2005, aprovou 69 emendas à Constituição Bolivarista de 1999, permitindo a reeleição do presidente indefinidamente e ampliando seus poderes para legislar por decreto.
Chávez afirma que a reforma é essencial para implantar o que chama de "socialismo do século 21".
Baduel, ministro da Defesa até julho, é o militar mais importante a se declarar contrário à reforma constitucional chavista: "As Constituições nascem precisamente para limitar o poder dos governos e para proteger os cidadãos do exercício abusivo do poder, garantindo seus direitos e liberdades. Não devem fazer o oposto", declarou o general em entrevista coletiva em Caracas na segunda-feira.
"Qualquer Constituição que remova os limites ao poder deve ser vista com suspeição", acrescentou, convocando todos os venezuelanos a votar não no referendo previsto para 2 de dezembro.
Quando foi substituído como ministro da Defesa, em julho, pelo general Gustavo Rangel Briceño, na época comandante das Forças de Mobilização Nacional e na Reserva Militar, o general Baduel usou o discurso de despedida para criticar Chávez: "Um regime socialista não é compatível com um sistema de controles democráticos e a divisão dos poderes. Devemos nos afastar da ortodoxia marxista."
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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