quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Benazir Bhutto convoca protestos de massa

Num desafio ao estado de emergência decretado pelo ditador Pervez Musharraf, a ex-primeira-ministra do Paquistão, Benazir Bhutto, deu ontem um ultimato ao general, ameaçando convocar uma série de manifestações de massa para tentar forçar a redemocratização do país. Irritado, o governo declarou que vai realizar eleições legislativas em janeiro, como previsto antes do golpe palaciano de Musharraf.

Benazir exige que o ditador deixe o comando do Exército, suspenda o estado de emergência e convoque eleições em uma semana. Caso contrário, promete liderar uma grande marcha de protesto de Lahore a Islamabad para exigir a redemocratização do país.

Sob a orientação dos Estados Unidos, que a vêem como o maior antídoto contra o fundamentalismo político paquistanês, Benazir chegou a negociar com Musharraf. Ela voltaria a ser chefe de governo, sob a presidência do general, que deixaria o comando do Exército.

A decretação de estado de emergência indica que o general teme perder o poder caso deixe o comando. O Paquistão viveu a maior parte de sua história, desde que se tornou independente do Império Britânico e se separou da Índia, em 1947, sob ditaduras militares. Mas os golpes só tiveram sucesso quando deflagrados pelo comandante do Exército.

O Paquistão é o único país muçulmano com armas nucleares. Seu serviço secreto ajudou a criar a milícia dos Talebã (Estudantes), que governou o vizinho Afeganistão de 1996 até a invasão americana de 2001 para punir a rede terrorista Al Caeda pelos atentados de 11 de setembro daquele ano nos EUA. É um país-chave na chamada guerra contra o terrorismo dos fundamentalistas muçulmanos.

Ao conclamar a população a reagir, Benazir coloca-se em rota de colisão com o ditador. Por outro lado, ela é alvo dos jihadistas, que não admitem ver o país governado por uma mulher. Quando ela voltou ao Paquistão no mês passado, após nove anos no exílio, foi atacada por um terrorista suicida. Morreram no ataque 136 pessoas.

Não foi a primeira vez que os jihadistas tentaram matá-la. Benazir fora alvo de um atentado em 1993.

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