Sob pressão do movimento dos coletes amarelos, o presidente Emmanuel Macron anunciou ontem um aumento de cem euros no salário mínimo, a suspensão do aumentos de impostos sobre combustíveis e de aposentados de baixa renda.
Com um custo de 10 bilhões de euros, essas medidas ameaça o equilíbrio das contas públicas da França, advertiu ontem o comissário europeu para economia e finanças, Pierre Moscovici.
É provável que a França não atinja a meta de reduzir o déficit público para 2,8% do produto interno bruto em 2019. A Comissão Europeia deve cobrar ajustes no orçamento, mas sem ameaçar punições, como fez recentemente com o governo populista da Itália.
A agitação social e manifestações violentas abalam a França há quatro semanas. Os protestos começam em reação ao aumento dos combustíveis a partir de 1º de janeiro. Agora, há pedidos de renúncia do presidente e dissolução da Assembleia Nacional.
As oposições rejeitaram as propostas de Macron como insuficiente. Ele é acusado de ser o "presidente dos ricos", de estar "desconectado" da realidade e de "oferecer migalhas ao povo". As pesquisas de opinião indicam uma divisão entre os que gostaram e não gostaram do discurso de ontem à noite.
Todos os oposicionistas veem uma oportunidade de enfraquecer o presidente, que terá muitas dificuldades para aprovar seu ambicioso programa de reformas para modernizar a economia francesa e recuperar sua competitividade. A extrema direita e a extrema esquerda lideram os protestos violentos.
Hoje houve protestos de estudantes secundaristas em 170 escolas. Vários manifestantes violentos estão sendo processados pelos protestos de sábado passado. A revolta está longe do fim. Uma das exigências dos coletes amarelos é a volta do imposto sobre grandes fortunadas, aprovado no governo François Hollande (2012-17) e revogado por Macron.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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