O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, previu ontem que o segundo encontro de cúpula com o ditador da Coreia do Norte, Kim Jong Un, será realizado em janeiro ou fevereiro e que há três locais em consideração. Analistas internacionais acreditam que será realizado mais tarde.
Trump exige que a Coreia do Norte dê sinais de estar cumprindo a promessa de desmantelar seu programa nuclear, feita no primeiro encontro dos dois líderes, em 12 de junho de 2018, em Cingapura.
Durante o reunião de cúpula do Grupo dos 20 (19 países mais ricos do mundo e a União Europeia) realizada de 28 a 30 de novembro em Buenos Aires, Trump mandou um recado a Kim através do presidente da Coreia do Sul, Moon Jae In: os EUA estão prontos a cumprir suas promessas se a Coreia do Norte fizer o mesmo.
Depois do encontro em Cingapura, o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, foi três vezes a Pyongyang, sem conseguir que o regime comunista norte-coreano apresentasse um cronograma de desarmamento nuclear.
Os EUA querem um plano para que a Coreia do Norte entregue 60% a 70% de suas armas nucleares em seis a nove meses. A ditadura stalinista de Kim rejeita o que chama de desarmamento unilateral. O governo sul-coreano está pronto para declarar o fim da Guerra da Coreia (1950-53), mas os EUA impõe o desarmamento nuclear como precondição.
Apesar das promessas de Kim, a atividade nos sítios de testes nucleares e de mísseis documentadas por satélites espiões dos EUA indicam que o programa atômico não foi congelado, muito menos desativado.
Pouco depois do encontro de Cingapura, o presidente americano afirmou que a ameaça nuclear norte-coreana estava afastada. Nada mais distante da realidade. Como em ocasiões anteriores, a Coreia do Norte prometeu abrir mão de seu programa nuclear militar. Ninguém acredita que o regime de Pyongyang faça isso depois de tanto esforço para desenvolver um arsenal nuclear como última garantia de sobrevivência.
Para assinar um acordo de paz definitivo pondo fim à Guerra da Coreia, o Norte pode pedir a retirada total das forças americanas do Sul da Península Coreana, o que interessa diretamente à China, maior aliada do regime comunista norte-coreano.
Desde o fim da União Soviética, em 1991, a Coreia do Norte faz uma chantagem atômica com o Ocidente, barganhando com o programa nuclear para obter ajuda de energia e alimentos para sua economia falida.
Quando Kim Jong Um chegou ao poder, em dezembro de 2011, meses depois da queda e morte do ditador Muamar Kadafi, da Líbia, que fizeram um acordo para abrir mão de suas armas de destruição em massa, o regime norte-coreano acelerou seu programa nuclear e de mísseis até adquirir capacidade de atacar diretamente o território dos EUA.
É altamente improvável que entregue suas armas atômicas sem garantias de segurança que só a China, sua maior aliada, pode dar. De qualquer maneira, seria uma vitória diplomática e militar da China. Os EUA reduziriam sua capacidade de atacar o território chinês num possível confronto futuro entre as superpotências.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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