Sob pressão dos membros radicais do movimento, os representante dos coletes amarelos que apelaram ao governo da França para negociar diretamente uma saída para a crise e se reuniriam amanhã com primeiro-ministro Edouard Philippe desistiram, noticiou o jornal francês Le Monde.
"Não iremos mais por três razões", explicou Benjamin Cauchy, um dos dez signatários de um artigo publicado no sábado no Journal de Dimanche: "Primeiro, havíamos pedido um gesto forte antes de ir: o congelamento do aumento de impostos sobre combustíveis. Não conseguimos. Em seguida, não desejamos ser marionetes de políticos. É isso que indicam todos os elementos da linguagem dos deputados da República em Marcha [partido do governo] que vimos na mídia desde de manhã."
"Por fim, os membros de nossa delegação são vítimas de ameaças nas redes sociais. Alguns previram que seria feito um cordão ao redor do Palácio Matignon para nos impedir de ir. Isto é intolerável", acrescentou.
Todos os signatários foram ameaçados. Os coletes amarelos formam um movimento de base articulado nas redes sociais da Internet sem uma liderança definida. A ala mais radical está certa da vitória contra o presidente Emmanuel Macron. Não quer ceder.
O governo anunciou uma série de consultas iniciadas hoje com os partidos políticos. Amanhã, seria a vez dos representantes do movimento, que começou rejeitando aumentos nos preços dos combustíveis. Agora, os elementos mais extremados exigem a renúncia de Macron.
Depois de 630 prisões durante os violentos protestos do sábado, que deixaram 263 feridos, sendo 81 policiais, dezenas de manifestantes foram apresentados hoje à Justiça.
"Eu estava no lugar errado na hora errada", alegou Riad, um artesão de 41 da cidade de Toulon preso na Avenida dos Campos Elísios com máscara de esquiador, capacete de motociclista e luvas, que descreveu como "equipamento de motocross". Um martelo encontrado no porta-malas de seu carro seria "para me proteger".
Ele tinha antecedentes criminais por dirigir sem carteira de motorista e agressão: "Depois de uma noite, muito alcoolizado, quebrei um copo na cabeça de uma pessoa". Declarou que "jamais havia participado de um protesto".
A promotoria pediu seis meses de prisão com direito a suspensão da pena e a proibição de ir a Paris. A juíza Isabelle Prévost-Deprez o condenou a quatro meses de prisão com direito a suspensão da pena e proibição de ir à capital francesa por oito meses.
Outro jovem, de 24 anos, preso no Faubourg Saint-Honoré, um dos endereços mais chiques da alta costura parisiense, foi acusado de usar um capacete de ciclista para quebrar a vitrine da Déclathon, uma das lojas depredadas e saqueadas.
O advogado de defesa argumentou que ele estava apenas vendo os acontecimentos quando outra pessoas arremessou um capacete contra a vitrine. Seu cliente reconheceu o crime: "Devo pedir desculpas. Lamento haver jogado aquele capacete." Foi considerado culpado, com pena de três meses de prisão com direito a suspensão da pena.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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