quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

Primeira-ministra Theresa May sobrevive a desafio à sua liderança

Por 200 a 117 votos, a primeira-ministra britânica, Theresa May, venceu hoje uma moção de desconfiança apresentada pela ala mais direitista do Partido Conservador, que rejeita o acordo negociado pelo governo para a saída do Reino Unido da União Europeia com os outros 27 países do bloco. A maioria da bancada conservadora na Câmara dos Comuns do Parlamento Britânico preferiu apoiar a chefe de governo.

Uma derrota de May aumentaria ainda mais o caos na política britânica à medida que se aproxima o dia 29 de março de 2019, quando o país deve deixar a UE depois de 46 anos. Sua queda provocaria pedidos de antecipação das eleições gerais num momento em que o Partido Trabalhista, o maior da oposição, chefiado pelo radical de esquerda Jeremy Corbyn, lidera as pesquisas de opinião.

Os 117 votos contra foram de deputados que preferem deixar o bloco europeu sem qualquer acordo. Isso acarretaria uma onda de ações judiciais movidas pelos outros países-membros da UE para exigir o cumprimento das obrigações assumidas pelo Reino Unido.

Uma das questões mais difíceis é a fronteira entre a Irlanda do Norte e a República da Irlanda, aberta com a implementação do Acordo de Paz da Sexta-Feira Santa, assinado em 9 de abril de 1998, para acabar com a guerra civil norte-irlandesa. Os republicanos, católicos e nacionalistas e irlandeses vêm a abertura da fronteira como um prenúncio da unificação da Irlanda, seu maior objetivo.

Para manter a fronteira aberta, o Reino Unido manteria a Irlanda do Norte dentro da união aduaneira com a UE. Se todo o país continuar na união aduaneira, seria obrigado a manter a livre circulação de mercadorias, serviços e pessoas.

Uma das principais razões da vitória dos partidários da saída, por 52% a 48%, no plebiscito de 23 de junho de 2016, foi reassumir controle da imigração e das fronteiras, além da supremacia do Parlamento Britânico e das leis do país sobre as leis europeias.

May pretendia colocar em votação em 11 de dezembro  o acordo negociado com o resto da UE. Adiou a votação por tempo indeterminado para evitar uma derrota arrasadora que levaria ao questionamento de sua liderança. Depois disso, tentou reabrir as negociações, mas os outros países-membros do bloco não aceitaram.

Para derrotar a moção de desconfiança, ela prometeu deixar a liderança conservadora antes das próximas eleições gerais.

Se o parlamento rejeitar o acordo proposto por May, as alternativas serão uma saída "dura", sem acordo com os parceiros europeus, ou a permanência do país na UE. Esta última possibilidade exigiria a realização de uma segunda consulta popular, como defende boa parte da população e dos deputados.

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