Centenas de milhares de pessoas marcharam hoje no centro de Londres para exigir a realização de um referendo, uma segunda consulta popular sobre a saída do Reino Unido da União Europeia para aprovar o acordo final do divórcio, informou a televisão pública britânica BBC. A primeira-ministra Theresa May rejeita esta possibilidade.
Os organizadores da campanha Voto Popular estimaram o total de manifestantes em 700 mil pessoas. A Polícia Metropolitana da Grande Londres não apresentou estimativa.
A marcha foi liderada pelo prefeito de Londres, Sadiq Khan, que discursou na Praça do Parlamento, diante do Palácio de Westminster: "O que é realmente importante é que aqueles que dizem que uma votação popular é antidemocrática e antipatriótica percebam que de fato isto é exatamente o oposto da verdade."
Outra manifestação, muito menor, reuniu defensores da Brexit (saída britânica) em Harrogate, sob a liderança do ex-líder do Partido da Independência do Reino Unido, o neofascista Nigel Farage, que afirmou: "Cerca de um terço das pessoas que votaram para ficar hoje diz que somos democratas. Penso que o governo deve ir em frente", afirmou.
"Esta é a nossa mensagem: vão em frente, cumpram as promessas que nos fizeram, disseram que se votássemos para sair sairíamos. Isso precisa acontecer", insistiu Farage, líder da campanha vitoriosa no plebiscito de 23 de junho de 2016.
Os manifestantes contra a Brexit se reuniram numa avenida diante do Hyde Park. Havia famílias jovens, pessoas enroladas na bandeira da UE. Cartazes diziam: "Brexit roubou meu futuro".
Muita gente marchou em grupos, funcionários do Serviço Nacional de Saúde (NHS), membros da comunidade LGBT, militantes do mesmo partido, diferentes setores da sociedade britânica que lutam para ter a palavra final quando o governador conservador negociar um acordo para a saída definitiva com os outros 27 países da UE.
A data marcada para o Reino Unido deixar a UE é 31 de março de 2019. Em 16 e 17 de outubro, a primeira-ministra Theresa May teve um encontro de cúpula com os líderes da Europa unida. Mais uma vez, não houve acordo.
O prazo está se esgotando e May chefia um governo frágil. A ala mais radical do Partido Conservador quer uma saída dura, que tire o país da UE, enquanto as grandes empresas, especialmente as multinacionais com fábricas no Reino Unido, e o centro financeiro de Londres querem manter acesso ao mercado único europeu.
A proposta de May, o chamado Acordo de Chequers, onde fica a casa de campo oficial da primeira-ministra, não apoio nem da UE nem dos partidários de uma ruptura total com o bloco europeu.
Sem acordo, a retirada será um choque econômico forte. O movimento de hoje reivindica o direito do eleitor de tomar a decisão final num referendo.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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