Depois de dizer que o jornalista Jamal Khashoggi havia saído vivo do consulado em Istambul, na Turquia, em 2 de outubro, há três dias a monarquia absolutista Arábia Saudita reconheceu que ele foi morto numa briga.
Agora, o ministro do Exterior saudita, Adel al-Jubeir, admite que foi uma operação policial mal feita, "um erro monumental, mas nega que o príncipe-herdeiro, Mohamed ben Salman tivesse conhecimento.
A nova versão não convenceu ninguém. "Descobrimos que ele foi morto no consulado. Não sabemos como. Não sabemos os detalhes. Não sabemos onde está o corpo", declarou Al-Jubeir no domingo em entrevista à televisão americana Fox News diretamente de Riade, a capital saudita.
"Os indivíduos que fizeram aquilo agiram fora de suas responsabilidades. Foi um erro monumental, agravado pela tentativa de escondê-lo", acrescentando que o herdeiro do trono "não havia sido informado".
Até agora, informações vazadas pelo governo turco indicam que Khashoggi foi torturado e esquartejado vivo. Teve os dedos das mãos e os pés cortados e no fim foi decapitado numa execução brutal que teria sido gravada pela espionagem da Turquia.
Em comunicado conjunto, a Alemanha, a França e o Reino Unido exigiram explicações convincentes do regime saudita. A chanceler (primeira-ministra) alemã, Angela Merkel, suspendeu a venda de armas à Arábia Saudita, pressionando os aliados a fazer o mesmo.
O grande aliado da Arábia Saudita no Ocidente, o presidente Donald Trump reluta em adotar sanções econômicas ou militares por causa do volume de negócios que o país tem com os Estados Unidos. Só em armas os sauditas querem comprar US$ 110 bilhões nos EUA e um total de US$ 350 bilhões em dez anos.
Na terça-feira, o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, ficou de anunciar o resultado das investigações e promete revelar toda a verdade sobre o caso.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
segunda-feira, 22 de outubro de 2018
Arábia Saudita muda versão sobre a morte do jornalista Jamal Khashoggi
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