quinta-feira, 18 de outubro de 2018

Arábia Saudita pode culpar general pelo assassinato de jornalista

A monarquia absolutista da Arábia Saudita examina a possibilidade de responsabilizar o general Ahmed al-Assiri, um alto funcionário do serviço secreto pela morte do jornalista Jamal Khashoggi, esquartejado vivo dentro do Consulado Saudita em Istambul, na Turquia, em 2 de outubro, revelou o jornal The New York Times.

Hoje o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, admitiu finalmente que Khashoggi está morto. Trump tem sido o maior defensor da monarquia saudita. Ele promete "punições severas", mas quer aguardar o resultado do inquérito.

O problema é que a investigação está sendo realizada pelos próprios responsáveis pelo assassinato político. Fará de tudo para tentar inocentar o príncipe-herdeiro, Mohamed ben Salman, homem-forte do regime saudita.

De acordo com o genro e assessor de Trump, Jared Kushner, que estimulou a relação com o príncipe, insiste para o presidente manter o apoio a MbS na expectativa de que ele sobreviva à tempestade

Saudado por aliados ocidentais como o homem que modernizaria a Arábia Saudita, um regime feudal, sem Constituição nem qualquer respeito aos direitos humanos, onde tudo pertence à família real, inclusive as segundas maiores reservas mundiais de petróleo, logo atrás da Venezuela, é visto agora como um príncipe que não pode ser rei.

A percepção de que MbS é um assassino sanguinário levou empresas, líderes empresariais e dirigentes políticos a cancelar sua participação numa conferência organizada pelo príncipe para atrair investimento estrangeiro chamada de Davos no Deserto, inclusive a diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, e o secretário do Tesouro dos EUA, Steve Mnuchin. Foi a primeira reação negativa dos EUA.

Ao mesmo tempo, a imprensa americana noticiou que o rei Salman enviou US$ 100 milhões ao governo Trump, num sinal de precisa manter a "lealdade" para continuar recebendo dinheiro saudita.

O objetivo da conferência é levantar dinheiro para o grande projeto do príncipe, Arábia Saudita 2030, um plano de modernização para preparar o país para a era pós-petróleo.

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