A monarquia absolutista da Arábia Saudita examina a possibilidade de responsabilizar o general Ahmed al-Assiri, um alto funcionário do serviço secreto pela morte do jornalista Jamal Khashoggi, esquartejado vivo dentro do Consulado Saudita em Istambul, na Turquia, em 2 de outubro, revelou o jornal The New York Times.
Hoje o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, admitiu finalmente que Khashoggi está morto. Trump tem sido o maior defensor da monarquia saudita. Ele promete "punições severas", mas quer aguardar o resultado do inquérito.
O problema é que a investigação está sendo realizada pelos próprios responsáveis pelo assassinato político. Fará de tudo para tentar inocentar o príncipe-herdeiro, Mohamed ben Salman, homem-forte do regime saudita.
De acordo com o genro e assessor de Trump, Jared Kushner, que estimulou a relação com o príncipe, insiste para o presidente manter o apoio a MbS na expectativa de que ele sobreviva à tempestade
Saudado por aliados ocidentais como o homem que modernizaria a Arábia Saudita, um regime feudal, sem Constituição nem qualquer respeito aos direitos humanos, onde tudo pertence à família real, inclusive as segundas maiores reservas mundiais de petróleo, logo atrás da Venezuela, é visto agora como um príncipe que não pode ser rei.
A percepção de que MbS é um assassino sanguinário levou empresas, líderes empresariais e dirigentes políticos a cancelar sua participação numa conferência organizada pelo príncipe para atrair investimento estrangeiro chamada de Davos no Deserto, inclusive a diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, e o secretário do Tesouro dos EUA, Steve Mnuchin. Foi a primeira reação negativa dos EUA.
Ao mesmo tempo, a imprensa americana noticiou que o rei Salman enviou US$ 100 milhões ao governo Trump, num sinal de precisa manter a "lealdade" para continuar recebendo dinheiro saudita.
O objetivo da conferência é levantar dinheiro para o grande projeto do príncipe, Arábia Saudita 2030, um plano de modernização para preparar o país para a era pós-petróleo.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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