Em mais uma manobra para tentar mobilizar o eleitorado do Partido Republicano para as eleições de 6 de novembro, o presidente Donald Trump quer agora negar cidadania americana a bebês nascidos nos Estados Unidos de pais que não tenham cidadania. O presidente disse poder fazer isso por decreto, mas o presidente da Câmara dos Representantes, deputado Paul Ryan, adverte que depende de emenda constitucional.
"Acredito no texto da Constituição e penso que, neste caso, a Emenda nº 14 é muito clara. Envolveria um processo constitucional muito longo", declarou Ryan, citado pelo jornal The New York Times. A emenda garante a cidadania a qualquer bebê nascido no país, independentemente do status dos pais.
Nos últimos dias, o presidente descreveu a caravana de 7 mil imigrantes da América Central que tentam chegar aos EUA como um "exército de invasores". Prometeu mandar 5 mil soldados para a fronteira.
Sua maior preocupação é mobilizar o eleitorado republicano e conservador a ir às urnas. Como o voto não é obrigatório nos EUA, Trump teme perder a maioria na Câmara e talvez no Senado. Por causa de seu discurso agressivo e divisionista, os eleitores do Partido Democrata estão mais decididos a votar.
"Somos o único país do mundo onde uma pessoa entra, tem um filho e o bebê é um cidadão dos EUA por 85 anos, com todos os seus benefícios", afirmou Trump, em mais uma de suas mais de 5 mil mentiras. "É ridículo. Isto tem de acabar."
Pelo menos 30 países, inclusive o Brasil, o Canadá e o México, dão cidadania automaticamente a bebês nascidos em seu território.
Trump foi hoje a Pittsburgh, no estado da Pensilvânia, onde um atirador matou 11 judeus numa sinagoga no sábado passado aos gritos de "todos os judeus têm de morrer". Uma grande manifestação de protesto exigiu que o presidente denuncie os supremacistas brancos e neonazistas, e deu apoio aos imigrantes e refugiados.
Ao atacar, o atirador acusou os judeus de estarem por trás da caravana. A resposta dos manifestantes foi: "Como judeus, damos boas-vindas a qualquer pessoa que venha em busca de segurança e oportunidade."
O ultranacionalismo de Trump está estimulando um tribalismo nos EUA. As políticas de identidade nacional sempre favorecem o preconceito contra quem não é considerado um americano autêntico. Os defensores do presidente invocam seu apoio a Israel.
Para os ultranacionalistas americanos, Israel é um Estado étnico do povo judeu. Eles entendem que todos os judeus devem ir para Israel e que os EUA devem ter a mesma pureza racial.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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