Os professores James Allison, da Universidade do Texas, nos Estados Unidos, e Tasuku Honjo, da Universidade de Quioto, no Japão, ganharam hoje o Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia por pesquisas sobre tratamento do câncer em que o próprio sistema imunológico do doente ataca os tumores e células cancerosas.
Suas descobertas revelaram que o próprio sistema imunológico pode atacar os tumores. De acordo com o Instituto Karolinska da Academia Real de Ciências da Suécia, os imunologistas "mostraram como diferentes estratégias para inibir os freios do sistema imunológico podem ser usadas no tratamento do câncer".
No Twitter, a academia sueca declarou que "o câncer mata milhões de pessoas por ano e é um dos maiores desafios de saúde da humanidade. Ao estimular a habilidade do nosso sistema imunológico para atacar células cancerosas, os laureados do Prêmio Nobel deste ano estabeleceram um princípio inteiramente novo para o tratamento do câncer."
O sistema imunológico, encarregado da defesa do organismo, é capaz de reconhecer as células cancerosas, mas os linfócitos citotóxicos T, glóbulos brancos especializados, não conseguem destruí-las porque o ambiente tumoral desregula o mecanismo de ativação dos linfócitos T, impedindo-os de avançar até o tumor e atacá-lo.
Esta ação inibidora do sistema imunológico se deve a uma proteína chamada CTLA-4.
Em 2004, as primeiras experiências, realizadas com pacientes com melanoma, o câncer de pele, mostrou que com anticorpos contra a CTLA-4, os ataques dos linfócitos T às células cancerígenas voltaram a ser eficazes. Isso aumentou as chances de sobrevivência e fez até mesmo recuar metástases do melanoma.
A mesma terapia foi usada em outros tipos de cânceres.
Enquanto Allison pesquisava os anticorpos anti-CTLA-4 e o melanoma, Honjo descobriu paralelamente o papel inibidor de uma proteína presente no sistema imunológico, mas de outro mecanismo regulador.
O pesquisador japonês examinou a proteína PD-L1, presente em células tumorais, que se liga ao receptor PD-1 levado pelos linfócitos T. Assim, bloqueia o mecanismo de morte programada, que permite a destruição das células doentes.
As moléculas anti-PD-1 e anti-PD-L1 permitem suspender a desativação dos linfócitos T, que assim conseguem exercer sua função de defesa do organismo.
No ano passado, o Nobel de Medicina foi dado a três geneticistas americanos que estudaram o relógio biológico que adapta o corpo ao ciclo do dia e da noite.
Amanhã, será anunciada a premiação do Nobel de Física. Na quarta-feira, sai o Nobel de Química. Na sexta-feira, o comitê norueguês do Nobel anuncia o ganhador do Prêmio da Paz. O Nobel de Economia sai na próxima segunda-feira.
Neste ano, não haverá Prêmio Nobel de Literatura porque um escândalo sexual provocou a demissão de parte do comitê responsável.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
segunda-feira, 1 de outubro de 2018
Americano e japonês dividem Prêmio Nobel de Medicina de 2018
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