O assessor real Saud al-Kahtani, responsável pelas mídias sociais do príncipe-herdeiro da Arábia Saudita, Mohamed ben Salman, e por centenas de prisões, comandou pessoalmente a operação que matou a esquartejou o jornalista Jamal Khashoggi no consulado saudita em Istambul, na Turquia, em 2 de outubro, noticiou o jornal liberal israelense Haaretz, citando fontes árabes.
Depois de insultar o jornalista, ele deu aprovação ao assassinato político: "Tragam-me a cabeça deste cão", vociferou Al Kahtani ao autorizar o "crime bárbaro", como definiu ontem o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan.
O líder turco prometeu revelar tudo o que sabia, mas não acrescentou muito. Acusou os sauditas de homicídio premeditado e pediu a extradição dos 18 sauditas presos pela monarquia absolutista. Entre eles, está Al-Kahtani.
A televisão britânica Sky News afirmou que restos mortais do jornalista foram encontrados enterrados na residência do cônsul saudita em Istambul. Esta notícia não foi confirmada. Erdogan disse que o corpo não foi encontrado.
Também apareceu um vídeo de um sósia de Khashoggi que fazia parte do esquadrão da morte saudita. Ele usava as roupas do morto, mas foi denunciado pelos sapatos.
Nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump descreveu a manobra para encobrir o assassinato como "um dos piores acobertamentos da história".
Trump insiste na versão oficial saudita de que foi uma operação não autorizada que não deu certo, como se fosse possível mobilizar a segurança pessoal do príncipe-herdeiro sem seu consentimento. Não quer abrir mão de um contrato de venda de armas no valor de US$ 110 bilhões.
"Era um projeto muito ruim desde a origem, foi mal executado e a operação de acobertamento foi uma das piores da história", declarou o presidente americano na Casa Branca", defendendo a versão oficial da monarquia absolutista.
Na segunda-feira, Trump falou pelo telefone com o príncipe Mohamed ben Salman, principal suspeito de ser o mandante do crime e aceitou suas desculpas: "Ele disse firmemente que não teve nada a ver com aquilo, que foi a um nível inferior." É difícil imaginar que isso seja possível num regime totalitário.
A primeira retaliação oficial dos EUA foi cancelar os vistos de entrada no país de 21 sauditas implicados no assassinato.
Em Riade, a capital saudita, o príncipe Mohamed ben Salman foi aplaudido numa conferência internacional para atrair investimentos para a Arábia Saudita. Apesar do boicote de várias empresas e governos ocidentais, no primeiro dia, o governo saudita anunciou negócios da ordem de US$ 50 bilhões.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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