sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Arábia Saudita confirma morte de jornalista em "briga" no sindicato

É o grande acobertamento de um crime bárbaro em marcha. Diante de uma reação internacional sem precedentes, a monarquia absolutista da Arábia Saudita confirmou hoje que o jornalista dissente Jamal Khashoggi foi morto dentro do consulado do país em Istambul, na Turquia. De início, os sauditas alegaram que o jornalista saíra do consulado. Agora, a desculpa oficial é que houve uma "confrontação com pessoas reunidas no consulado".

Dezoito pessoas foram presas. Dois altos funcionários foram presos, o subchefe do serviço secreto, general Ahmed Assiri, e o assessor real Saud al-Kahtani. O sultão Salman ben Abdul Aziz al-Saud mandou uma comissão formada pelo príncipe-herdeiro e homem-forte do reino, Mohamed ben Salman, principal suspeito de ser o mandante do crime, para reestruturar o serviço.

"As pessoas que ele conheceu no consulado do reino em Istambul provocaram uma briga que levou à sua morte", afirmou a agência oficial de notícias saudita. "As investigações estão em andamento e 18 súditos do reino foram presos."

Nenhum esclarecimento sobre o que foi feito do corpo. Ninguém vai comprar esta versão mentirosa ou talvez só o presidente Donald Trump. Ele deixou claro que não pretende cancelar negócios de venda de armas no valor de US$ 110 bilhões nem mudar sua política para o Oriente Médio, de isolar o Irã e defender Israel.

MbS, como o príncipe é conhecido popularmente, prometeu enfrentar o clero ultraconservador, combater o terrorismo, se aproximar de Israel, contribuir para a paz com os palestinos e modernizar o país para prepará-lo para a era pós-petróleo com o programa Arábia Saudita 2030.

Tudo isso e seu próprio futuro como sultão estão ameaçados pela morte de Khashoggi, um ex-assessor da família real que se mudou para os EUA no ano passado e era colunita do jornal The Washington Post. Ele entrou no consulado em 2 de outubro para pegar um documento para se casar e nunca mais saiu.

Gravações vazadas para a imprensa pela inteligência turca revelaram que Jamal foi esquartejado vivo até a morte. Para o jornalista americano Thomas Friedman, que considerava a missão do príncipe quase impossível, agora entende que ele nunca poderá ser rei.

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