segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Primeira-ministra Angela Merkel anuncia retirada da vida pública

Diante de mais uma grande perda da União Democrata-Cristã ontem nas eleições do estado de Hesse, no centro da Alemanha, a chanceler (primeira-ministra) Angela Merkel anunciou hoje que este será seu último mandato como chefe de governo. Ela deixa o cargo em 2021 e não vai concorrer à reeleição como líder do partido em dezembro de 2018, informou a televisão pública britânica BBC.

"Não vou mais postular nenhum cargo político quando meu mandato acabar", declarou Merkel hoje em Berlim. "Como chanceler e líder da CDU, sou responsável por tudo, por seus fracassos e seus sucessos."

Tanto a CDU como o Partido Social-Democrata (SPD), seu parceiro na grande coalizão que governo a Alemanha, perderam dez pontos percentuais em relação às eleições anteriores em Hesse, onde fica Frankfurt, principal centro financeiro da Alemanha e sede do Banco Central Europeu (BCE).

Duas semanas antes, a União Social-Cristã (CSU), aliada da CDU na Baviera, sofrera uma perda semelhante e também o SPD nas eleições estaduais bávaras. Nos dois casos, os grandes beneficiários foram os Verdes à esquerda e o partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD).

Merkel sofre um desgaste por ter acolhido 1,1 milhão de refugiados das guerras no Oriente Médio  por causa das leis de asilo político generosas adotadas pela Alemanha depois da Segunda Guerra Mundial (1939-45) para expiar a culpa pelos crimes do Nazismo.

A inesperada ascensão da AfD a partir das eleições gerais de 2017, quando a extrema direita voltou ao Parlamento alemão pela primeira vez desde o fim da guerra, foi um sinal claro de insatisfação. Agora, depois das eleições na Baviera e em Hesse, a AfD tem deputados em todas as assembleias legislativas regionais.

Com a forte queda dos dois partidos de centro, a grande coalizão é abalada. Se o SPD retirar o apoio, a aliança CDU-CSU terá de decidir se tenta governar em minoria ou se convoca novas eleições em que Merkel não seria candidato.

Neste clima, eleições gerais antecipadas tendem a produzir um Parlamento fragmentado, com negociações difíceis para formar um governo de maioria, provavelmente frágil. Como a Alemanha é a maior economia da Europa e a líder da União Europeia, a integração europeia também fragilizada no momento das negociações para a saúda do Reino Unido e de desafios dos governos de extrema direita da Itália, da Hungria e da Polônia.

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