quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Mais de 92% dos curdos do Iraque aprovam a independência

Mais de 92% dos curdos do Iraque aprovaram a independência do Curdistão no plebiscito realizado em 25 de setembro de 2017, anunciou hoje a comissão eleitoral da região semiautônoma. A consulta popular foi rejeitada pela Turquia, o Iraque e o Irã, que têm populações curdas, e os Estados Unidos.

Com população estimada em 30 e 45 milhões de habitantes, os curdos são a maior nação do mundo sem um Estado nacional. A luta pela independência dura mais de um século. Cerca de 72% dos 4,58 milhões de eleitores aptos a votar compareceram às urnas.

No fim da Primeira Guerra Mundial, os curdos receberam promessas de independência do Curdistão. Mas, quando o Reino Unido e a França dividiram o Oriente Médio com o fim do Império Otomano, o então subsecretário do Exterior britânico para a região, Winston Churchill, decidiu juntar a província de Kirkuk às províncias de Bagdá e Bássora para criar o Iraque. Queria um país forte capaz de se contrapor ao Irã.

O governo do Iraque enviou hoje soldados para ocupar as instalações de petróleo, inclusive de Kirkuk, uma região disputada entre árabes e curdos. A Turquia, onde vive a maioria dos curdos, de 15 a 20 milhões, mandou tropas para a fronteira entre os dois países.

Se o Curdistão iraquiano conquistar a independência, com certeza as regiões de maioria curda na Turquia, na Síria e no Irã vão querer aderir ao novo país. Seria um novo foco de conflito no Oriente Médio.

Na Síria, os curdos são a maioria das Forças Democráticas Sírias, uma milícia árabe-curda financiada, armada e treinada pelos Estados Unidos para combater a organização terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante. Com a independência do Curdistão iraquiano, os guerrilheiros curdos em ação na guerra civil síria poderiam querer juntar a faixa que dominam no Norte da Síria ao novo país.

Os guerrilheiros curdos sírios pertencem às YPG (Unidades de Proteção Popular), ligadas ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que luta pela independência da região curda na Turquia. Seriam alvo de uma retaliação da ditadura de Recep Tayyip Erdogan, que acabou com as negociações de paz com o PKK para ganhar eleições de 1º de novembro de 2015 depois de perder a maioria absoluta na Assembleia Nacional de 7 de junho do mesmo ano.

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