O procurador especial Alberto Nisman foi assassinado em 19 de janeiro de 2015. Horas depois, iria apresentar ao Congresso da Argentina alegações de que a presidente Cristina Kirchner era responsável por um acordo secreto. Seu objetivo era encobrir a participação do Irã no pior atentado terrorista da história da América Latina e o pior contra judeus desde o fim da Segunda Guerra Mundial. A hipótese de suicídio de Nisman, defendida pelo governo Cristina Kirchner, está descarta.
Era uma segunda-feira, 18 de julho de 1994, 85 pessoas morreram e 300 saíram feridas de um atentado com carro-bomba contra a Associação Mutual Israelita Argentina (AMIA), um clube da comunidade judaica do país, a maior da América Latina, com cerca de 300 mil pessoas.
Depois de nove anos de investigação, em 2003, a Justiça argentina acusou a República Islâmica do Irã de planejar o atentado e a milícia fundamentalista xiita libanesa Hesbolá pela execução. Oito altos funcionários iranianos, inclusive o falecido presidente Ali Akbar Hachemi Rafsanjani e o ex-ministro da Defesa Ahmad Vahidi, e um cidadão libanês foram denunciados.
O ex-embaixador Hadi Soleimanpour chegou a ser detido em Londres, mas foi libertado pela Justiça do Reino Unido.
Em 13 de setembro de 2004, Alberto Nisman, judeu, foi nomeado procurador especial para o Caso AMIA. Os pedidos internacionais de prisão dos dois oito iranianos e do libanês voltaram a ser feitos pelo governo argentino e começou a investigação sobre o .
Uma possibilidade é que tenha sido uma vingança direta contra o governo Carlos Menem (1989-99). De origem árabe e muçulmana, Menem se converteu ao catolicismo para ser presidente da Argentina.
Durante a campanha, Menem pediu dinheiro aos países árabes, inclusive ao então ditador da Líbia, Muamar Kadadi. No poder, adotou uma política externa de alinhamento automático com os Estados Unidos e Israel. Em 1991, a Argentina foi o único país da América Latina a enviar forças para a Guerra do Golfo.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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