A Turquia elogiou hoje uma decisão da Assembleia Nacional do Iraque para rejeitar a proposta de realização de um plebiscito sobre a independência do Curdistão iraquiano convocado para 25 de setembro. O governo turco teme a eclosão de um movimento pela independência do Sudeste do país, onde os curdos são maioria, e ameaçou tomar medidas de força em caso de aprovação.
O Parlamento iraquiano autorizou o primeiro-ministro Haider al-Abadi de "tomar todas as medidas necessárias" para manter a unidade do Iraque, inclusive o uso da força. O líder curdo Massoud Barzani prometeu levar à frente a votação, que considera "um direito natural".
"Consideramos a posição de insistência da liderança curda iraquiana em relação ao plebiscito e suas declarações cada vez mais emocionais preocupantes", declarou em nota o Ministério do Exterior da Turquia. "Deve-se nota que esta insistência tem um custo. Pedimos que ajam com bom senso e abandonem este projeto errôneo imediatamente."
Com cerca de 35 milhões de pessoas, os curdos são a maior nação do mundo sem um Estado Nacional, uma antiga aspiração enterrada pelo Império Britânico no fim da Primeira Guerra Mundial. O povo curdo se espalha pela Turquia, o Irã, o Iraque, a Síria e o Azerbaijão. A maioria, estimada em 15 a 20 milhões, vive na Turquia.
Na guerra civil da Síria, os curdos são a principal força terrestre aliada dos Estados Unidos na guerra contra a organização terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante. O ditador turco, Recep Tayyip Erdogan, teme que uma faixa do Norte da Síria liberada pelas Forças Democráticas Sírias (FDS) se una ao Curdistão iraquiano.
Hoje, o Curdistão iraquiano é uma região semi-autônoma do Norte do Iraque, onde a vive a terceira maior população curda, estimada em 5,6 a 8,5 milhões de pessoas. Depois do avanço do Estado Islâmico no Iraque em 2014, os curdos passaram a ter ainda mais autonomia na prática em relação ao frágil governo central de Bagdá.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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