O Superior Tribunal de Justiça do Egito condenou ontem o ex-presidente Mohamed Mursi a 25 anos de prisão, sob a acusação de espionagem para um governo estrangeiro, no caso, do Catar. Outros três réus, também membros da Irmandade Muçulmana, foram sentenciados à morte.
Durante o ano em que governou o Egito, da eleição de maio de 2012 ao golpe de 3 de julho de 2013, Mursi teria deixado vazar segredos de Estado para o Catar, que no momento está sendo isolado pelas monarquias petroleiras do Golfo Pérsico.
Mursi foi primeiro presidente eleito democraticamente da história do Egito. A eleição foi realizada mais de um ano depois da queda do ditador Hosni Mubarak, em 11 de fevereiro de 2011, na chamada Primavera Árabe.
Com seu autoritarismo, Mursi e a Irmandade Muçulmana, o mais antigo grupo fundamentalista muçulmano, fundado em 1928, foram rejeitados tanto pelas forças ao antigo regime quanto pelos revolucionários que se concentraram na Praça da Libertação, no centro do Cairo, a partir de 25 de janeiro de 2011.
Em 2013, as massas voltaram a ocupar a praça, daquela vez para pedir ao Exército que afastasse Mursi. O marechal Abdel Fattah al-Sissi derrubou os islamistas e virou ditador. O chamado Estado profundo (Forças Armadas, serviços secretos, burocratas e empresários beneficiados pelo regime) voltou a assumir o controle total do poder.
Em junho de 2016, um juiz de primeira instância condenou Mursi a 40 anos de prisão. Na revisão final, a sentença caiu para 25 anos. O tribunal manteve as penas de morte para o documentarista Ahmed Ali Abdo, o aeronauta da companhia aérea Egypt Air Mohamed Adel Kilani e o professor universitário Ahmed Ismail Thabet. Outro réu pegou prisão perpétua e dois foram condenados a 15 anos
O ex-presidente já cumpre uma pena de 20 anos pela morte de manifestantes durante protestos de rua em 2012
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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