O presidente da Rússia, Dimitri Medvedev, decidiu negar totalmente a legitimidade do presidente da Geórgia, Mikheil Saakachvili, que o governo russo acusa com razão de ter atacado a Ossétia do Sul na noite de 7 de agosto. Medvedev declarou hoje que considera o líder georgiano um "cadáver político" e acusou seu governo por "uma agressão que custou muitas vidas".
Medvedev pede à "comunidade internacional que veja quem é o agressor". Mas isso não basta.
A reação russa foi desproporcional.
Tudo indica que o Kremlin esperava apenas um pretexto para a invasão. Desde que Saakachvili chegou ao poder, depois que a Revolução Rosa derrubou o presidente Eduard Chevardnadze, que fora ministro do Exterior da União Soviética na era Gorbachev, as relações com a Rússia nunca foram boas.
O ressentimento é mutuo. Saakachvili se aproximou dos Estados Unidos e do Ocidente. Quer integrar a Geórgia à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e à União Européia.
Ao cair nas provocações russas e atacar a Ossétia do Sul, comprando uma briga com a Rússia, Saakachvili praticamente fechou as portas da OTAN para a Geórgia. A cláusula fundamental da OTAN, uma aliança militar, é que um ataque contra um é um ataque contra todos.
A aliança transatlântica não vai entrar em guerra com a Rússia por causa da Geórgia. Os russos se aproveitam da situação para contra-atacar, invadir, ocupar, destruir vilas e cidades para criar uma zona de proteção às províncias rebeladas da Abcásia e da Ossétia do Sul.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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