A combinação de petróleo em alta e dólar em baixa cria um dilema para o Federal Reserve Board (Fed), o banco central dos EUA, quanto ao que fazer com as taxas básicas de juros em sua próxima reunião, no final deste mês.
Ontem, foram reveladas as minutas da reunião de 11 de dezembro de 2007 do Comitê Federal do Mercado Aberto. Os formuladores da política monetária dos EUA gostariam de continuar reduzindo os juros para enfrentar a crise de crédito provocada pela inadimplência de tomadores de segunda linha para a compra de casa própria e evitar uma recessão na maior economia do mundo. Mas manifestam preocupação com o dólar e o preço da energia. Esses itens superam as pressões salariais como maior risco inflacionário.
O principal indicador que o Fed observa antes de tomar decisões sobre juros é o núcleo da inflação, que exclui os preços de alimentos e energia. Sua tendência é de queda. Mas "os participantes concordaram que uma expectativa contínua de inflação estável seria essencial para garantir e sustentar a tendência de queda na inflação, que expectativas bem-fundamentadas não podem considerar garantida".
As minutas acrescentam que, embora "a suavização da perspectiva de crescimento econômico justificasse" o afrouxamento da política monetária - a reunião terminou com um corte de 0,25 ponto percentual -, "os membros notaram que a política já tinha sido afrouxada com cortes somados de 0,75 ponto percentual e que os efeitos dessas ações sobre a economia mundial seria evidentes dentro de algum tempo".
Diante dos riscos de inflação, 0,25 foi o corte possível, considerando a "incerteza incomum". O comitê admite que "o estresse financeiro pode aumentar, intensificando a contração no setor habitacional e restringindo outras formas de gastar" e "reconhece que as condições no mercado financeiro podem melhorar mais rapidamente que os membros esperavam, caso em que a reversão de alguns cortes de juros poderia se tornar apropriada".
Antes da próxima reunião do comitê, em 29 e 30 de janeiro de 2008, os formuladores da política monetária dos EUA devem se fazer duas perguntas:
- As condições econômicas e de crédito pioraram tanto que eles precisam reduzir ainda mais o custo para tomar empréstimos?
- Um novo corte de juros gera o risco de aumentar as expectativas inflacionárias num momento em que os altos custos do petróleo e a queda do dólar ameaçam encarecer os outros preços?
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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