Depois de cortar uma ajuda dos Estados Unidos de US$ 300 milhões por ano, o presidente Donald Trump está pressionando aliados a fazer o mesmo, sufocando financeiramente a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA). Faz o jogo do governo linha dura de Israel, que acusa a agência de prolongar o conflito árabe-israelense.
Trump se irritou com a reação palestina quando os EUA reconheceram Jerusalém como capital de Israel e transferiram a embaixada americana para lá. O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, declarou que os EUA perderam qualquer condição de mediar as negociações de paz.
A agência da ONU presta serviços sociais, de saúde e de educação para cerca de 5 milhões de palestinos espalhados entre a Cisjordânia, a Faixa de Gaza, a Jordânia, a Síria e o Líbano. Os EUA contribuíam com 30% do total do orçamento.
Em Londres, o líder da oposição trabalhista, deputado Jeremy Corbyn, pediu ao governo do Reino Unido que substitua os EUA com uma ajuda no mesmo valor. Como ele é acusado de antissemitismo, sua autoridade moral para pedir isso será questionada.
Na semana anterior, o Departamento de Estado americano tinha anunciado o fim de uma ajuda bilateral de US$ 200 bilhões anuais à Cisjordânia e à Faixa de Gaza.
A decisão de cortar a ajuda vem no momento em que os EUA se preparam para apresentar seu plano de paz para israelenses e palestinos. A proposta do governo Trump prevê a formação de uma confederação entre a Jordânia e a Palestina.
Hoje Abbas pediu a formação de uma confederação tripartite formada por Israel, a Jordânia e a Palestina. A Jordânia imediatamente rejeitou a possibilidade de formar uma confederação jordaniano-palestina, uma antiga proposta de Israel do início das negociações de paz, em 1991, antes dos acordos de Oslo, que criaram a Autoridade Nacional Palestina como embrião de um futuro governo da Palestina independente.
Na prática, a proposta de uma confederação mata a solução com dois países, Israel e a Palestina, dividindo o território histórico da Palestina. Ao incluir Israel na jogada, numa confederação tripartite, o que ameaçaria a soberania de Israel, Abbas tenta liquidar a sugestão de uma vez por todas.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário